IMIGRANTE DE VAGOS QUE DEU TOQUE PORTUGUÊS À BANDEIRA AMERICANA COLOCADA NA LUA REGRESSOU À TERRA NATAL

🖋Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Foi imigrante em New Jersey desde os 23 anos de idade mas vive agora na sua terra natal, Vagos, no distrito de Aveiro, a septuagenária Maria Isilda Ribeiro, que em 1969 emprestou toque português à odisseia da conquista da Lua pelos norte-americanos.

Apesar de ter filha e neta nos Estados Unidos, Ribeiro, hoje com 74 anos, optou por ficar na sua terra natal depois de aí ter tratado dos pais na velhice.

Curiosamente, a fábrica de bandeiras onde a imigrante vaguense coseu a famosa bandeira transportada pelos astronautas da NASA – ‘Annin & Company’ – ainda existe, hoje localizada no número 105 da Eisenhower Parkway, em Roseland. Fundada em 1920, é mesmo considerado o fabricante do género mais antigo na América – utilizando apenas materiais com certificação ‘Made im USA’.

🌎A VINDA PARA A AMÉRICA

Foi o marido, Armando, quem nos anos 50 atravessou o Atlântico rumo à América, para se juntar aos pais. Maria Isilda viria mais tarde, em 1966, depois de se terem casado em Portugal; os Ribeiro são ambos naturais de Sousa (Vagos) e conheceram-se andavam ainda na escola (o reencontro aconteceu quando Armando, já imigrante, foi de férias ao país de origem).

Foi a sogra quem facilitou a entrada de Maria Isilda na ‘Annin & Company’, que tinha na altura o curso de Extensão Agrícola Familiar. “Estive para ir para os Açores dar aulas, mas acabei por vir para os EUA”, contou, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO concedida em 1994.

O casal viveu em Newark, na Orange Street, durante algum tempo, mas os motins de 1967 levaram-no a mudar-se para Carteret, também em New Jersey.

🌎UMA ENCOMENDA ESPECIAL…

Quando, há 51 anos, a NASA se lançou à conquista da Lua e os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin fizeram história ao tornarem-se nos primeiros seres humanos a pisá-la, a vida de Maria Isilda Ribeiro também iria mudar… É que, para marcar o icónico momento, os norte-americanos deixaram lá uma bandeira que ainda hoje está na lua. Com uma pequena contribuição portuguesa, uma vez que foi costurada por uma imigrante de vagos.

A expedição ‘Apólo 11’ da NASA, em Julho de 1969, recorreu à fábrica onde Ribeiro trabalhava para requisitar a bandeira. “Nós fazíamos todas as bandeiras que o governo americano necessitava”, conta. “Um dia, chegou-nos a encomenda de uma bandeira especial, que iria ser colocada na Lua. Como estava na secção de acabamentos, foi a mim que coube ultimar essa bandeira”.

A expedição ‘Apólo 11’ da NASA, em Julho de 1969, recorreu à fábrica onde Ribeiro trabalhava para requisitar a bandeira. “Nós fazíamos todas as bandeiras que o governo americano necessitava”, conta. “Um dia, chegou-nos a encomenda de uma bandeira especial, que iria ser colocada na Lua. Como estava na secção de acabamentos, foi a mim que coube ultimar essa bandeira”.

🌎❝ÉS A PRIMEIRA PESSOA QUE FAZ UMA BANDEIRA PARA COLOCAR NA LUA❞

Far-se-iam vários ensaios para determinar a bandeira que melhor se adequaria àquela missão da NASA. Até que se chegou à versão final… “Era uma bandeira de cerca de dois pés de comprimento, feita de um tecido especial em que entrava fibra de vidro. Os seus acabamentos não tiveram nada de especial. Porém, não podia ser estampada pelos processos convencionais, pois a tinta não aderia àquele tipo de tecido”, descreve Maria Isilda Ribeiro. “Por isso, teve que ser pintada. Depois, levou uma baínha lateral, para se enfiar o mastro e uma outra baínha no topo para que ali se colocasse uma haste. Desta forma manter-se-ia sempre direita, esticada”.

Embora não fizesse perguntas, quando terminou o trabalho, o chefe disse-lhe: “És a primeira pessoa que faz uma bandeira para colocar na Lua”.

A imigrante portuguesa apareceria mesmo num artigo para o ‘New York Times’ sobre as pessoas envolvidas na confecção da bandeira.

Maria Isilda Ribeira ajudou também a confeccionar a bandeira gigante que flutuou na George Washington Bridge aquando da comemoração do segundo centenário da independência da América. Estão ambas, certamente, gravadas na sua memória.