Indocumentados vítimas de crimes podem obter autorização de residência permanente nos E. Unidos
Mais de 18.000 imigrantes ilegais, além de 14 mil familiares, conseguiram vistos permanentes nos EUA sob uma nova lei de 2009, por terem sido vítimas de crime.
Enquanto muitos imigrantes ainda não podem ter a esperança de obter a residência, o visto U parece estar a ser popular nas comunidades.
Se for vítima de um crime e cooperar, tem uma boa oportunidade de conseguir um visto U.
Desde 2009, o Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) emitiu 18.654 vistos e rejeitou 5.639 vistos U – uma taxa de aprovação de 77%.
O Congresso colocou um limite máximo para o número disponível anualmente a 10.000 vistos U. Os defensores do visto dizem que ajuda no combate ao crime. Com demasiada frequência, crimes que vão do roubo e violência doméstica à violação e homicídio estão a ser comunicados às polícias e as vítimas e respectivas famílias beneficiam do famoso visto U.
Os críticos do visto dizem que se criou um campo minado legal que está a ser utilizado com demasiada frequência quando muitos americanos estão no desemprego.
O Brasileiro Mardoqueu Silva tinha 21 anos e estava ilegal quando conseguiu um emprego como entregador de pizza.
Numa entrega, o jovem foi assaltado à mão armada. Entregou tudo o que tinha, entrou no carro e acelerou de volta para a pizzaria onde o patrão ligou para a polícia. O jovem ajudou a polícia a identificar os assaltantes. Foi-lhe atribuído o visto U.
Rosa Aguilar, cujo marido Jesus foi agredido por um barman em 2003 também conseguiu o visto.
O visto U foi criado para ajudar os ilegais a colaborar com a lei. Denunciar crimes compensa, diz a lei.
Contudo, os críticos perguntam porquê, uma vez que as vítimas de crime também violaram a lei ao estarem no país ilegais e fazem o que qualquer cidadão faz, quando é vítima de crime.
Os advogados de defesa dizem que alguns candidatos tentam enganar o sistema colocando casos em tribunal onde aparecem como vítimas na esperança de conseguirem o visto.
“Obter estatuto legal nos Estados Unidos é um negócio tão grande que pode criar um incentivo, ou um exagero para obter benefícios,” diz Stephanie Wargo, uma advogada de San Francisco que tratou um caso de assalto sexual que, na sua opinião, não existiu.
Uma das críticas ao programa é que o mesmo é muito generoso em distribuir vistos.
As vítimas podem obter o status legal dos seus cônjuges e filhos, até mesmo para os que vivem noutro país. As vítimas menores de 21 anos podem patrocinar os seus pais e irmãos solteiros menores de 18. Em casos de assassinato ou homicídio culposo, cônjuges e filhos podem inscrever-se como “vítimas indirectas”, mesmo que não presenciem o crime.