INVESTIGADORES DEFENDEM: Endoscopia e colonoscopia associadas

A adopção do rastreio do cancro do estômago com endoscopia digestiva associada à colonizaria, de cinco em cinco anos, permitiria “reduzir significativamente o número de casos e de mortes”, revela um estudo divulgado pela agência Lusa.

Os resultados deste trabalho mostram que, em Portugal, o rastreio permitiria reduzir a incidência de cancro gástrico de 2.950 para 2.065, já que uma percentagem significativa destas neoplasias, se detectadas precocemente, é tratável por métodos minimamente invasivos.

A medida permitiria reduzir o número de mortes anuais por cancro gástrico de 2.332 para 895.

“Vivemos num país com uma elevada incidência de cancro gástrico, um cancro com elevada legalidade, uma vez que, na maioria dos casos, é silencioso e diagnosticado em estádios avançados. A detecção precoce só é possível com o rastreio em pessoas sem sintomas e através da vigilância de indivíduos de risco”, explicou Diogo Libânio, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Como primeiro autor de um estudo publicado no European Journal of Gastroenterology & Hepatology, o investigador analisou a relação custo-efectividade (que examina tanto os custos como as consequências/desfechos de programas ou tratamentos de saúde) do rastreio do cancro gástrico em três países europeus com diferentes incidências desta doença, bem como o impacto da utilização da inteligência artificial na custo-efectividade deste rastreio.

Os países são Portugal (com uma incidência intermédia a elevada), Itália (com uma incidência intermédia) e Holanda (com uma incidência baixa).

“Verificámos que, em Portugal, com a incidência actual de cancro gástrico e os custos actuais, há três estratégias de rastreio que são custo-efectivas. Em Portugal e em Itália, a associação de endoscopia digestiva alta à colonoscopia a cada 5-10 anos é a estratégia mais adequada”, explicou o investigador.

Portugal é considerado um país de incidência intermédia de cancro gástrico quando comparado com outros países, com 11 casos por 100 mil habitantes.