Investigadores testam técnica inovadora para tratamento no cancro do pulmão
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra testou, pela primeira vez em Portugal, a Imuno-PET, uma técnica inovadora que pode ajudar a prever a resposta aos tratamentos de imunoterapia, terapêutica utilizada em doentes com cancro do pulmão.
Este exame pioneiro tem potencial para vir a integrar os exames de estadiamento no cancro do pulmão, permitindo identificar a terapêutica potencialmente mais adequada para cada doente. A técnica está já a ser utilizada em doentes com diagnóstico de cancro do pulmão de Coimbra e Leiria, como parte de um estudo clínico a decorrer no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).
Sónia Silva, aluna de doutoramento na Facul-dade de Medicina da Universidade de Coim-bra, e também médica pneumologista e coordenadora da Pneumologia Oncológica, destaca que a Imuno-PET pode vir a permitir «selecionar melhor os doentes no futuro para o tratamento mais indicado» e «impedir que se possa perder tempo, ou até mesmo o doente, com terapêuticas que não resultarão em resposta e controlo da doença».
A utilização desta técnica permite fazer uma avaliação de corpo inteiro do doente, sinalizando as zonas que estão afectadas pelo cancro e prevendo a resposta de doentes ao tratamento de imunoterapia, uma das terapêuticas mais promissoras utilizadas em doentes com cancro de pulmão em estádio avançado.
Actualmente, o cancro do pulmão é a «principal causa de morte por cancro no nosso país, tendo uma incidência crescente e sendo também um dos mais frequentes», contextualiza Sónia Silva. É também «mais agressivo e isso está muito relacionado com o facto de os doentes já chegarem com tumores em estados avançados, porque os estádios precoces, que são os operáveis, muitas vezes não dão sintomas», sublinha. Nestes casos avançados, a doença já não está apenas nos pulmões, mas em vários órgãos, o que corresponde ao estádio IV.
A utilização pioneira desta técnica está a decorrer no âmbito de um estudo clínico envolvendo o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Leiria e o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, em colaboração com o ICNAS.
Os ensaios clínicos desenvolvidos até ao momento têm sido realizados com doentes com diagnóstico de cancro do pulmão de não pequenas células (o mais prevalente), indicados para fazerem um tratamento de imunoterapia. Os doentes fazem todos os exames habituais e recebem o acompanhamento usual, realizando a Imuno-PET como uma técnica de diagnóstico extra. Sónia Silva destaca que o factor inovador deste exame reside no facto de «ter uma informação de corpo inteiro, de como toda a doença se comporta, além da biópsia e da habitual PET». Num primeiro caso clínico, já em curso, o doente está a responder bem: «a Imuno-PET fixa nos locais onde está a responder à terapêutica, estando concordante com a resposta que está a ter ao tratamento», destaca a doutoranda da Faculdade de Medicina da UC.