Jean-Marie Le Pen. Morre líder histórico da extrema-direita francesa

O líder histórico da extrema-direita francesa, Jean-Marie Le Pen, morreu, aos 96 anos, anunciou na terça-feira a família à agência France-Presse (AFP).

A notícia da morte apanhou de surpresa a sua filha Marine Le Pen, que estava a regressar a Paris vinda do arquipélago francês de Mayotte, no Oceano Índico, e que foi informada pelos jornalistas, disse um correspondente especial da France Info que viajava com a política no avião.

O fundador da Frente Nacional (criado em 1972), actual União Nacional (RN, na sigla em francês), retirou-se progressivamente da vida política a partir de 2011, quando a sua filha Marine assumiu a presidência do partido, que liderou até novembro de 2023.

Figura polarizadora na política francesa, Le Pen era conhecido pela sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo, que lhe valeu tanto apoiantes fiéis como uma condenação generalizada.

As suas declarações polémicas conduziram a múltiplas condenações e prejudicaram as suas alianças políticas, mas o político nunca se arrependeu dos seus excessos, muitas vezes repetidos: das câmaras de gás, “um pormenor da História”, à “desigualdade das raças” (1996), passando pela ocupação alemã “não particularmente desumana” (2005) ou pela agressão física a um adversário socialista (1997).

Le Pen chegou à segunda volta das eleições presidenciais de 2002, com 73 anos, e na sua quarta candidatura ao Eliseu. Este resultado desencadeou marchas, que juntaram milhões de pessoas durante 15 dias, contra o racismo. 

Apesar da sua exclusão do partido em 2015, o legado divisivo de Le Pen perdura, marcando décadas da história política francesa e moldando a trajectória da extrema-direita.