JONATHAN SEABRA: Candidato a vereador pelo Bairro Leste de Newark
Por HENRIQUE MANO | News Editor
Aos 13 anos, na 8.ª classe, Jonathan Seabra foi porta-a-porta pelo Bairro Leste à procura de quem quisesse acreditar num jovem aspirante a político (Corey Booker) que se atrevia a concorrer contra um ‘Golias’ de Newark – o ‘Mayor’ Sharpe James. “Nessa altura, descobri esta minha inclinação para a actividade política”, conta o candidato de origem portuguesa a vereador, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. (Quanto a Booker, ganharia as eleições para autarca e hoje é senador federal).
Jonathan nasceu em New Jersey há 33 anos, filho de José Seabra e Maria Rebelo – emigrantes de Vila Nova de Ta-zem (Serra da Estrela). Depois de ter passado pela Wilson Avenue School e pelo Technology High School, ambos em Newark, prosseguiu estudos superiores. “Não tenho nada a esconder, a minha vida é um livro aberto”, garante o candidato, que se formou em gestão pública pela CUNY.
Depois de ter incentivado os outros a participarem no processo eleitoral, é ele quem em 2014 concorre – pela primeira vez – a vereador no Bairro Leste. “Sabia que este era o meu chamado, queria ser uma voz do povo no Conselho Municipal.”
Desiludido com o actual estado de coisas, Seabra diz que gostava de “recuperar aquele sentido de comunidade que o Ironbound sempre teve”, mas que está a perder. “Também não noto dinamismo nos políticos que nos representam, nem sequer os vejo com regularidade entre nós, em eventos comunitários e reuniões de moradores. Falta-lhes o engajamento cívico e, sem tal, distanciam-se dos anseios de quem governam.”
Como candidato e como possível vereador, promete “ouvir toda a gente em todos os quadrantes. E, claro, trabalhar para erradicar o crime, garantir qualidade de vida e exigir da Câmara os serviços municipais a que temos direito. Mas isto só se consegue se nos unirmos; como vereador, só serei um mensageiro dos residentes, mas será juntos que conseguiremos melhorar o Bairro Leste, não como uma voz solta.”
Tem pena de não haver a oportunidade, neste ciclo eleitoral, de debater os outros candidatos. E nota: “As pessoas estão a perder confiança no processo político e na capacidade dos nossos representantes de transformar promessas em realidade – e isso é mau para a democracia.”
O ‘boom’ da construção no Bairro Leste não o incomoda, mas alerta: “Este crescimento não pode ser feito à custa de quem já aqui vivia há trinta, quarenta anos. Há que haver um equilíbrio entre os dois factores. O Ironbound transformou-se, nos últimos anos, em algo único, um segredo bem guardado que agora se descobre. Depois do estigma de décadas, descobrem que temos uma rede de transportes incrível, uma comunidade exemplar, restaurantes e proximidade de Nova Iorque. Mas o Bairro Leste só continuará a ter esta essência peculiar se aqueles que nele vivem puderem continuar nele.”
Nesse âmbito, considera vital a existência de um número de casas e apartamentos de renda baixa para as camadas menos privilegiadas da população.
Apesar de todo o “potencial” que a região encerra, aponta com tristeza a falta de um hospital (“quando encerraram o St. James, nem o Estado nem as autoridades municipais intervieram e bem o poderiam ter feito. Um hospital é fundamental para um serviço básico ao cidadão, os cuidados de saúde”).
O Bairro Leste não recebe mesmo a atenção que merece do ‘City Hall’? Não, diz, “isso não é mesmo um mito urbano. Não somos compensados pelos altos impostos que pagamos.”
As salas de aulas têm mais alunos do que deviam “e os professores, nessas condições, não podem dedicar a atenção que se exige dos educadores.”
A quem se atribui as culpas de todas estas mazelas que, na sua óptica, afligem o Bairro Leste? “À nossa representação política das últimas décadas”, dispara. “É as-sim: a qualidade de vida no Bairro Leste baixou significativamente e nem lotes municipais para estacionar temos. Como vereador, procurarei in-verter esta situação.”