Jovem portuense vê obra ser exposta em Washington
Por Angélica Pinto | Luso-Americano
No último ano da sua licenciatura em Design de Comunicação, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Maria Rocha de 21 anos, sempre foi apaixonada por pintura e ilustrações.
“Vivo este fascínio dentro de mim desde pequena e sou incapaz de me distanciar dos pincéis por muito tempo”, confessou em conversa com o Luso-Americano.
Em meados de 2022, o Museu do Aljube Resistência e Liberdade, promoveu um concurso com o tema “Revolução”, em celebração ao 25 de Abril. O concurso chegou até si através da sua universidade, mas infelizmente, as peças que criou não foram seleccionadas, mas chegaram a ser integradas na exposição.
As obras intituladas “Tramas da Liberdade”, convidam-nos “a embarcar numa viagem pelas raízes portuguesas”.
“O ‘ser português’ foi precisamente o meu mote para criar e reflete-se nas cores vibrantes dos lenços dos namorados na na tradição imortal da região minhota”, explicou.
O seu objectivo, quando uniu a prática dos bordados e “as melodias da liberdade”, com as palavras de Zeca Afonso, foi representar o “estender a mão” entre a tradição e a revolução, “que saem juntas do papel para nos convidar a celebrar a liberdade”.
Seria o ter feito parte da exposição em Portugal que fez com que, mais tarde, as “Tramas da Liberdade” chamassem à atenção do Turismo de Portugal, que revelou interesse em exibi-las noutro contexto.
Hoje, uma das ilustrações encontra-se exposta em Washington, integra da na “Exposição Sonho e Utopia”, uma iniciativa da Arte Box.
Maria lembra-se de ter ficado desanimada por não ter vencido o concurso a nível nacional, mas receber este convite mais tarde, e “ver a minha obra exposta nos Estados Unidos encheu-me de uma alegria indescritível”, ainda para mais quando associada a um dia de luta pela democracia e pelos direitos humanos, que os seus avós viveram.
Como mulher, jovem e artista, esta conquista é ainda mais significativa.
”Num mundo onde as vozes femininas permaneceram, durante tanto tempo, silenciadas, testemunhar uma obra minha ser reconhecida internacionalmente é um passo que marca, e bem, um contraste”, dizendo ainda que lhe dava “esperança e alento no progresso da humanidade e na quebra de narrativas conservadoras”.
Esta colecção de ilustrações é dedicada à sua avó Eva, que guardava no armário “muitas ‘louças dos namorados’ e que não dizia duas frases sem cantar uma quadra popular pelo meio”.
Confessa que foi nela que pensou ao criar as obras, esperando ainda, esteja ela onde estiver, que se “orgulhe de mim e de eu continuar a cantar (através da pintura) tudo aquilo que sinto”.