KEARNY: 7.º Festival de Ranchos e Rusgas
Por H.S. | Colaboração
Decorreu o 7.º Festival de Ranchos e Rusgas em Kearny, NJ, uma organização do Rancho Folclórico Sonhos de Portugal, da Associação Cultural Portuguesa, onde não faltou muita música, dança e animação!
Um verdadeiro arraial português, que havia sido interrompido nos últimos dois anos pela pandemia COVID-19, e, talvez por isso, trouxe muita gente a uma tarde de cultura portuguesa, em que o sentimento de felicidade pelo regresso a uma vida normal, associativa e comunitária activa, foi comentado por todos, representando uma enorme satisfação à organização do evento, nas palavras de António Cardoso: “Foi um dia muito positivo, trouxe até nós muito mais gente do que esperávamos, foi uma alegria ver tantas pessoas felizes, fora de casa, após dois anos de pandemia, em comunidade e a manterem bem vivas a cultura e as tradições de Portugal”.
Eventos como este, fundamentais também para o financiamento da actividade cultural das associações, não se fazem sem um conjunto de pessoas voluntárias e por isso mesmo António Cardoso não deixou de “agradecer profundamente aos grupos que nos visitaram, mas também a todos os que da ACP trabalharam, incansavelmente, na montagem do festival, na cozinha e no bar, eles é que tornaram isto possível, um dia muito bem passado!”
Um grupo de tambores, dois ranchos folclóricos e oito grupos de rusgas foram desfilando pela tarde, por entre sardinhas, frango assado e febras, que ajudaram à festa, marcada igualmente pela emoção do regresso aos palcos, para muitos dos grupos a primeira saída após 2 anos de inactividade forçada e ainda num esforço de retoma, como o caso do Rancho Folclórico do Clube Português de Hartford, CT, que veio de mais longe e que comemorará em Outubro meio século de existência, apesar dos ensaios decorrerem nos últimos tempos numa Igreja, resultado do incêndio que destruiu as suas instalações: “Para a nossa comunidade o rancho tem sido muito importante e quando saímos é que nos apercebemos melhor do valor que têm os Ranchos e o que representam para a cultura portuguesa, um elo de ligação muito importante entre as diversas comunidades portuguesas nos Estados Unidos”, refere Fernando Cordeiro.
Da cidade de Elizabeth veio, pela primeira vez, o grupo de Rusgas do Rancho Folclórico Danças e Cantares de Portugal, PISC, que tem a curiosidade do seu ensaiador, Kyle Pereira, ser um jovem de apenas 15 anos, nascido e criado nos EUA, mas que se chegou à frente e com ideias bem claras quanto à salvaguarda das nossas tradições: “representa para mim muito e dá muito trabalho, mas temos de andar para a frente, continuar a tradição aqui na América! Tenho muito orgulho neste projecto, que tem permitido que outros também se empenhem em manter as tradições vivas nos seus corações.”
Andar para a frente também foi o que fez João Caetano, presidente do rancho de Ossining, de onde veio a rusga Beleza do Minho, que se estreou hoje como vocalista no grupo e não escondia a comoção: “o anterior presidente Joaquim, que cantava e representava o rancho de forma bela, reformou-se e então cá estou eu, com muita emoção, a pensar nele e no futuro do rancho, que me deixa muito contente poder representar”. Quando lhe perguntámos o que significa para ele este tipo de festivais, foi peremptório: “Muito amor, a única coisa que representa a nossa cultura é muito amor, muita dedicação, orgulho por representarmos Portugal”.
Jovens empenhados que deixarão seguramente feliz João da Costa, minhoto de France, freguesia de Sopo, um dos fundadores da Casa do Minho de Newark, de onde chegaram os bombos dos Rouxinóis, e que se esforça por manter viva a cultura portuguesa por terras americanas: “já cá ando há muitos anos e olhe, vamos andando e lutando, porque é uma alegria muito grande para nós participarmos nestes eventos”.
A avaliar pela opinião generalizada dos outros grupos participantes (ver caixa), a 8.ª edição terá sucesso garantido e isso deixa António Cardoso muito feliz: “É a alegria que temos, sentirmos que todos saem satisfeitos deste convívio na A.C.P. de Kearny.”
O 7.º FESTIVAL POR QUEM O VIVEU
Manuel Pereira, Barcuense
“Participamos sempre em tudo o que for da nossa cultura, tivemos dois anos parados e é com grande satisfação que estamos aqui hoje!”
Daniel Antunes, Dança na Eira
“É um dos eventos que traz mais alegria a todos nós, gostamos de trazer modas que não dançamos habitualmente pelo rancho e que unem todos, trazem alegria, todos gostamos de dançar e bater o pezinho.”
Alberto Veloso, Camponeses do Minho
“Estas iniciativas são muito boas, há muita gente envolvida no folclore e em especial a mocidade. É bom, nós os mais velhos, passarmos estas tradições aos mais novos para terem continuação e vê-se que há muita juventude que começou de muito pequenino, que adora o folclore e tem vontade de continuar.”
Emanuel Barros, Casa dos Arcos
“Isto é uma maravilha para mantermos as nossas tradições, uma forma de estarmos todos juntos e viver as saudades que temos de Portugal. Depois de dois anos de pandemia é um prazer e uma alegria estar aqui.”
Mónica Filipe, Casa do Ribatejo
“No Ribatejo, onde não temos rusgas, cantamos à desgarrada e temos fados e danças, mas hoje cá estivemos a procurar demonstrar o folclore ribatejano e exibir o que temos de melhor, que trouxemos de Portugal. Orgulha-me muito, estou no folclore desde os 15 anos e já são largos anos no grupo, com elementos de todas as regiões de Portugal, mas que têm gosto e prazer pela dança ribatejana. Trabalhamos para divulgar a cultura, os nossos usos e costumes cá deste lado do Mundo.”
Abílio Timóteo, A Eira
“Depois de uma pandemia que nos assolou e cancelou todas as festas e as romarias, o que foi muito duro, hoje, passados dois anos, estamos aqui com muito gosto, entre todos os grupos para voltarmos às nossas raízes, porque isto não pode parar, é a nossa alegria”
Elizabeth Pereira, Danças e Cantares de Portugal
“É a nossa primeira vez aqui em Kearny e é um orgulho podermos participar num evento destes, bom para mostrarmos aos nossos jovens que devem continuar sempre com a nossa cultura e tradição.”