Kiev contraria Putin sobre relação entre ataques e ponte da Crimeia
Os serviços secretos ucranianos acusaram a Rússia de estar a preparar os bombardeamentos de segunda-feira desde o início do mês, contrariando a versão russa de que foram uma resposta à explosão na ponte da Crimeia.
“Os russos têm vindo a planear ataques com mísseis a Kiev e às infraestruturas das cidades ucranianas desde o início de Outubro”, disse a Direção de Inteligência do Minis-tério da Defesa ucraniano.
As forças russas receberam instruções do Kremlin (Presidência) em 02 e 03 de Outubro, para preparar ataques de mísseis contra “infraestruturas civis críticas e áreas centrais de cidades ucranianas densamente povo-adas”, segundo os serviços secretos ucranianos.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que os bombardeamentos de foram uma resposta ao “ataque terrorista” contra a ponte de Kerch entre a Crimeia e a Rússia, no sábado, que atribuiu aos serviços secretos ucranianos.
“É evidente que os serviços especiais ucranianos foram os organizadores e os autores do ataque” na ponte, disse Putin durante uma reunião do Conselho de Segurança da Federação russa, segundo a transcrição publicada no ‘site’ do Kremlin.
A ponte é vista como um símbolo da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
Desde o início da guerra em curso, em 24 de Fevereiro deste ano, tem sido utilizada no transporte de equipamento militar pesado e no reabastecimento das tropas russas no sul da Ucrânia.
Apesar dos danos sofridos no sábado, parte da ponte continua a ser usada.
O porta-voz Estado-Maior General das Forças Armadas ucranianas, Yu-zef Venskovich, disse que muitos dos mísseis usados foram lançados a partir dos mares Cáspio e Negro.
Venskovich disse que a ameaça de ataques com mísseis “existe em qualquer altura”, pelo que as forças armadas ucranianas permanecerão vigilantes.
“Apelo aos cidadãos para que observem medidas de segurança”, disse, pedindo que “devem ir para os abrigos” se soarem os alarmes de ataques aéreos.
Os ataques desta ma-nhã visaram Kiev, Khmel-nytskiy, Lviv, Dnipro, Vin-nitsia, Zaporijia, Sumi, Kharkiv e Jitomir.
Os bombardeamentos provocaram 11 mortos e 89 feridos, de acordo com o balanço mais recente das autoridades ucranianas.
Algumas das cidades atingidas sofreram cortes no fornecimento de energia eléctrica.
O Governo apelou à população para que reduzisse o consumo de eletricidade entre as 17:00 e as 22:00 locais.
Anunciou também a suspensão da exportação de electricidade, para estabilizar o seu próprio sistema de energia.
“Foi a exportação de electricidade da Ucrânia que ajudou a Europa a reduzir o consumo de recursos energéticos russos. É por isso que a Rússia está a destruir o nosso sistema energético, matando a possibilidade de exportar electricidade da Ucrânia”, disse o mi-nistro da energia ucraniano, German Galushchen-ko.
As informações sobre a guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato de forma independente.