LUÍS COSTA RIBAS: O rosto da CNN Portugal nos Estados Unidos

Por HENRIQUE MANO | News Editor

O jornalista Luís Costa Ribas é presença assídua na CNN Portugal, o canal noticioso que está desde Novembro passado 24 horas no ar. Correspondente nos Estados Unidos, baseado em Boston mas com frequência na ponte aérea entre a capital de Massachusetts e a do país, Washington, DC,  o profissional lisboeta da comunicação social já soma quase quatro décadas de entrega ao jornalismo.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O jornalista português Luís Costa Ribas em Washington, DC – uma das cidades, a par de Boston, de onde trabalha como correspondente da CNN Portugal nos Estados Unidos

Lisboeta, tinha 25 anos quando veio para os EUA, depois de ter começado carreira como repórter em 1980, no vespertino “A Tarde”, e de ter estado 4 anos na redacção da “Rádio Renascença”.

O convite para integrar a equipa pioneira da CNN Portugal, reconhece, “é a cereja no topo do bolo” na carreira do jornalista de 63 anos – que passou ainda pela “Voz da América”, pela emissora de rádio TSF, Agência LUSA, pelos jornais “O Jornal” e “Independente” e pela SIC.

Nos últimos meses, a CNN Portugal tem crescido exponencialmente e, em Março, por exemplo, foi mesmo tem o canal de televisão mais visto de todo o universo do cabo no país, com um crescimento de cerca de 60% em relação ao mês anterior.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Luís Costa Ribas entra no ar, e ao vivo, com frequência na CNN Portuga

Diariamente, naquele período, quase 2 milhões e 400 mil espectadores tiveram contacto com a marca, que pertence ao Grupo Media Capital.

A seguinte entrevista a Luís Costa Ribas foi concedida aos jornal LUSO-AMERICANO em Washington, DC:

LUSO-AMERICANO: Qual é o papel que assume a CNN Portugal no panorama da informação televisiva nacional?

LUÍS COSTA RIBAS: A CNN Portugal é uma combinação vencedora da qualidade do melhor jornalismo português com a qualidade, os recursos e com o poder da mais conhecida marca de notícias do mundo. Essa é a grande aposta e essa é a grande vantagem de haver a marca CNN em Portugal: juntar o melhor de Portugal com o melhor dos EUA e elevar a qualidade da informação que se faz no país.

LA: Sendo a CNN Portugal detida pela TVI, de que forma é a informação coordenada entre os dois canais?

LCR: Há meios comuns na redacção, há jornalistas que trabalham para os dois canais. Em termos gráficos e em termos de apresentação, há estúdios separados, porque o “branding” da TVI e o “branding” da CNN não são os mesmos. É evidente que a CNN Internacional exige de todas as estações CNN o mesmo “branding” e todos os padrões de estúdio, cenografia, etc., com  adaptações obviamente a Portugal. Os pivots não têm fotografias de Nova Iorque atrás deles, têm fotografias de Lisboa e de outras cidades portuguesas. Há, portanto, recursos partilhados e formatações noticiosas diferentes.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O jornalista junto ao edifício do Congresso, na capital americana: como correspondente, Costa Ribas é também um espectador e analista atento da realidade dos país

LA: Qual é o teu papel como correspondente nos EUA? É enviar notícias mas também ser um espectador atento da realidade americana, fazer uma análise de quem está in loco das situações sobre as quais vais relatando?

LCR: Eu sinto muito que é preciso explicar a América aos portugueses. Às vezes nós achamos que, só porque seguimos alguém no Twitter ou no Instagram, sabemos muito daquela pessoa; sabemos da pessoa, mas se calhar não sabemos da cultura americana, da complexidade dos assuntos americanos e, portanto, uma vez que hoje é fácil ter notícias instantaneamente em todo o lado, os correspondentes têm de fazer o valor acrescentado, fazer reportagens que não tenham a ver com as notícias do dia-a-dia ou uma peça que acrescente à notícia do dia-a-dia – mas sobretudo explicar a América a Portugal. Esse é um papel muito importante dos correspondentes, porque há uma profundidade da vida americana que está muito além da notícia da actualidade e do post fugaz nas redes sociais. O correspondente tem de prestar atenção a esses fenómenos e tentar explicar um país ao outro.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | “Temos de aprender a usar as redes sociais como uma fonte de informação e não como a informação acabada que vai ser retransmitida”

LA: Que tipo de acontecimento faz com que a CNN te ponha no ar em directo?

LCR: Varia muito. Durante a Guerra da Ucrânia estava imenso no ar porque havia um grande envolvimento dos Estados Unidos. Na generalidade, para que isso aconteça, tem de haver um ângulo americano, naturalmente; no caso da Ucrânia, era esse o caso. Era preciso explicar o que os americanos queriam da guerra, que posições é que estavam a tomar e por quê, mas também pode ser um terramoto, os incêndios… A CNN vive muito da actualidade e de ter a actualidade presente imediatamente. A ideia de BREAKING NEWS, que é a frase-chave da CNN, é de que, quando acontece alguma coisa, temos de estar no ar imediatamente com a maior quantidade possível de informação relevante. Ou seja, não estamos no ar só para encher, não estamos no ar só para enfeitar, porque se não estamos a dar informação relevante ao espectador, ele sabe e há uma coisa chamada ‘remote’ e muda de canal. Portanto, tudo que tem a ver com a vida americana, pode ser pretexto para eu estar no ar e isso também obriga-me a estar o mais actualizado possível constantemente.

LA: Qual é a qualidade de informação (e jornalismo) que chega hoje às pessoas neste mundo do imediatismo das redes sociais?

LCR: Acho que a qualidade podia ser melhor se não se tivesse tão dependente das redes sociais. As redes sociais criaram fenómenos que não ajuda o trabalho do jornalista, fenómenos de imediatismo que são um desafio constante para os jornalistas. Temos de aprender a usar as redes sociais como uma fonte de informação e não como a informação acabada que vai ser retransmitida. Senão, então, nós não passamos de mais um post nas redes sociais. Isso cria problemas para o jornalismo, hoje em dia, e cria desafios de qualidade porque já não há filtros automáticos como havia dantes. Sobretudo porque as redes sociais estão a ser aproveitadas para disseminar informação falsa; só o tempo que tu precisas no dia-a-dia para travar a informação falsa, é o tempo que precisas para fazer uma notícia.