LUSO-AMERICANA DIANA MENDES PRESTA HOMENAGEM ÀS RAÍZES ATRAVÉS DA VOZ

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O fado é pertença do mundo. Com a sua grandeza, deixou Lisboa e ganhou raízes pela diáspora. Disso prova é a jovem luso-descendente Diana Mendes, de 23 anos e natural de Elizabeth, no estado norte-americano de New Jersey. Um dos nomes mais sonantes da nova vaga de fadistas na América, Diana diz ter descoberto a canção da saudade numa noite de fados na igreja portuguesa que frequenta.

“Cresci num ambiente tipicamente português, entre a igreja de Nossa Senhora de Fátima e o PISC, em Elizabeth”, conta Diana, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Se bem lembro, a primeira noite de fados a que fui foi precisamente no salão da igreja; devia ter uns 10, 11 anos. Nunca tinha ouvido fado ao vivo.”

🌐ORIGES EM SEIA E VALEZIM

A filha dos emigrantes Maria Helena Mendes, de Seia, e António Mendes, de Valezim, já tinha Portugal no ADN. Mas aquela noite pode ter-lhe mudado o destino… “Pude sentir a vibração das guitarras, a voz da fadista, e foi aí que me apaixonei pelo fado. Foi uma experiência que me tocou.”

Deu por ela a pesquisar fadistas no Youtube “e a passar as letras das canções à mão para um caderno que ainda tenho lá em casa. Na altura ainda não dominava a internet a 100% e foi dessa forma que fui aprendendo as letras de fados.”

Tempos depois, surge o convite da Escola Amadeu Correia, de Elizabeth, para imitar Amália num evento. “Aproveitei a oportunidade para me dar a conhecer como fadista”, afirma. “Foi uma experiência muito bonita, tinha para aí uns 14 anos e considero esse o início da minha carreira.”

🌐1.º DISCO AOS 18 ANOS

O primeiro disco só acontece aos 18 anos, ‘Xailes da Saudade’ – inspirado num xaile que uma tia lhe dera em Lisboa depois de Diana Mendes ter cantado numa casa de fado. O álbum engloba 14 originais, incluindo o tema principal que lhe dá título – assinado pelo poeta da comunidade TóZé Silva.

Diana Mendes é solicitada com frequência a interpretar o hino de Portugal em eventos oficiais, tal como sucedeu recentemente no içar da bandeira de Portugal em Elizabeth. “Quando canto o hino de Portugal em público, lembro-me do sacrifício que os meus pais fizeram ao emigrar”, nota. “Virem para um país onde não conheciam ninguém nem falavam a língua. É preciso muita coragem. Tenho muita honra de ser portuguesa, é algo que me corre nas veias.”

🌐❝O FADO É DO POVO❞

O fado, na sua perspectiva, “representa o povo. O fado é poesia e a poesia quem a escreve? O povo, com base nas suas experiências do dia-a-dia, na luta, nos amores e desiluções. É isso, o fado é o povo.”

A fadista diz ainda ter “orgulho não só por poder cantar o fado, como pela oportunidade que os meu pais me deram de ir à escola portuguesa e aprender este idioma maravilhoso.”

Diana Mendes está a tirar um mestrado em gestão de empresas na Kean University e revelas as suas influências no fado: “À parte a Amália, que é sempre um foco muito importante para qualquer fadista, admiro a Raquel Tavares, a Carminho e a Ana Moura.”