Luso-americana Diane Cardoso torna-se sócia do escritório de advogados que representou a sua família
Diane Cardoso é filha de pais portugueses, naturais da Beira Alta – a mãe de Vila Cova do Covelo e o pai de Quinta da Ponte, ambas freguesias de Penalva do Castelo. No entanto, Diane revelou que não é nessa região de Portugal que tem as suas raízes lusas. Em exclusivo ao LUSO- AMERICANO, disse que passou a maior parte do seu tempo em Portugal (2 a 3 meses por ano, durante vários anos consecutivos) em Mangualde, onde está localizada a casa da família. O município do distrito de Viseu foi onde cresceu e é onde considera ter a sua “segunda terra natal”, e que, aliás, continua a visitar todos os anos para conviver com família e amigos de infância.
Tal é a ligação a Portugal que, durante a sua experiência académica, teve a oportunidade de, durante 6 semanas, de fazer um estágio em Mangualde, oferecido pela sua universidade nos Estados Unidos, num escritório de advocacia.
“Estou num papel de liderança mas posso transmitir a perspectiva do que é estar no papel de cliente”, diz a advogada Diane Cardoso. “Posso assegurá-los de que os vou tratar como gostaria que a minha família fosse tratada”. No dia 1 de Janeiro de 2023, tornou-se sócia da firma de advocacia para quem trabalha em Kearny, a “Brady, Reilly & Cardoso”, um escritório de advogados especializados em casos civis. A “relação” de Diane com a firma começou quando esta ainda frequentava o ensino básico. Cardoso saiu da firma para a qual trabalhava, com 87 profissionais, “Javerbaum Wurgaft Hicks Kahn Wikstrom & Sinins”, em Springfield, a 15 de Outubro, para se juntar à presente companhia que tem empregados 4 profissionais.
Tinha 5 anos quando, em 1984, o seu pai foi morto por um condutor embriagado. Notícia que, na altura, teve eco nas páginas do jornal LUSO- AMERICANO e que até aos dias de hoje a família ainda guarda. A sua mãe contratou para o processo de indemnização o advogado Lawrence Brady Jr., que obteve como compensação 750 mil dólares do condutor, da loja de bebidas e do restaurante que foram acusados de servir o homem que matou António demasiado álcool. Brady manteve-se em contacto com Cardoso e a sua família, ajudando-a a estabelecer uma carreira e a aperfeiçoar as habilidades legais, o que só aumentou o seu desejo de se associar ao escritório de advogados que Brady fundou. O pai de Diane, António, que tinha a sua própria companhia de construção, foi uma de três pessoas que morreram no acidente.
No decorrer do processo, Diane e a sua irmã eram presença assídua nas audiências no tribunal pois a mãe, Teresa, não tinha ama e regularmente levava as filhas com ela. Quando o caso foi finalizado, Cardoso já tinha 9 anos e ao ir a uma das audiências, quando o juiz lhe perguntou que profissão queria seguir, respondeu que queria trabalhar num tribunal. “Percebi que Brady,para mim, enquanto criança, era como um herói, porque estava a lutar contra algo que não era justo”, diz Cardoso.
Depois de ouvir as declarações feitas pela jovem ao juiz, Brady manteve-se em contacto e, enquanto esta ainda estava na licenciatura, contratou-a para trabalhar no seu escritório. “Foi uma maneira de conhecer melhor as leis e de perceber que realmente era o que queria fazer da vida”. A recompensa do acidente ajudou Cardoso, a sua mãe e irmã a pagar pelas despesas de educação. A mãe, Teresa, que era professora em Portugal, usou parte do dinheiro para obter um Mestrado em Educação que se desenvolveu numa carreira de sucesso enquanto professora de educação especial. A quantia ajudou também a pagar a educação de Cardoso e da sua irmã e, ao contrário da maioria dos seus colegas, Diane terminou o Curso de Direito sem dívidas decorrentes dos estudos.
Depois de se formar em 2004, trabalhou brevemente num escritório em Newark, “Sinins & Bross”, antes de se juntar à firma de Brady, onde ficou durante 2 anos e onde ia a tribunal defender os seus próprios casos e onde obteve resultados impressionantes. Em 2007, quando o escritório “Sinin’s” se associou à “Javerbaum Wurgaft”, juntou-se aos quadros da empresa na esperança de aumentar a sua experiência e currículo. Cardoso foi a primeira mulher a juntar-se à firma e, mais tarde, tornou-se a primeira mulher sócia do estabelecimento.
Segundo a mesma, estava feliz a trabalhar para a ‘Javerbaum Wurgaft’, mas afiliou-se ao escritório onde trabalha presentemente porque não podia recusar trabalhar com Kathleen Reilly e ser co-proprietária do espaço. A firma mantém o Brady no nome, apesar de este se ter reformado há 10 anos. “Penso que, se os pequenos escritórios continuarem a evoluir tecnologicamente e continuarmos a alimentar as relações com outros advogados e associações, podemos continuar a ter sucesso”.
Perder o pai com tenra idade ensinou-a a ter empatia e a compreender melhor os seus clientes, a nível que muitos outros advogados não conseguem.
Diane revelou-nos que “o negócio está a correr bem e estou muito feliz com a divulgação da minha história e da história do escritório porque acho que muitos outros portugueses se irão identificar”.
Quando questionada acerca dos seus clientes, adianta: “tenho muitos clientes portugueses, mas também tenho muitos onde a língua principal é o espanhol; o inglês não é a língua principal de cerca de 80% dos clientes do nosso escritório”.
Por isso, se o seu primeiro idioma também não for português, este escritório é sem dúvida uma boa opção para resolver os seus problemas, até porque Cardoso afirma: “o futuro parece promissor, a minha colega de trabalho, a advoga- da Kathleen Reilly, é uma experiente ‘trial laywer’ com muitos casos de sucesso, que, durante muito tempo, foi minha mentora.”
A terminar: “Tenho total confiança no nosso trabalho, para além de que também adoro o que faço, com o bónus de ser com alguém que admiro e respeito. Não posso pedir mais nada”.
Foto acreditada a Carley Storm.