LUSO-AMERICANA É VICE-PRESIDENTE SÉNIOR NO FEDERAL RESERVE BANK OF NEW YORK

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

A luso-americana Lola Souza trabalha no centro financeiro do mundo – Nova Iorque. No edifício do Federal Reserve Bank of New York, no 33 da Liberty Street, baixa de Manhattan, a sua rotina gira em volta das grandes questões que fazem movimentar as finanças. Afinal, o banco a que está afecta como vice-presidente sénior, é o mais importante da rede de 12 que compõem a Reserva Federal dos Estados Unidos da América.

“Este banco abarca o chamado Distrito 2 do sistema de reservas federais do país e é de longe o maior, o mais activo e o mais influente de todos eles”, afirma Lola Souza, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Apesar de ter as mesmas responsabilidades dos outros bancos do sistema de reservas, alberga a maior reserva de lingotes de ouro e a maior concentração de dinheiro vivo do mundo. Para além disso, tem um papel fundamental na definição da política monetária, promoção da estabilidade financeira e prestação de serviço às comunidades e instituições financeiras para promover o crescimento económico.”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Lola Souza à entrada do Federal Reserve Bank of New York, na baixa de Manhattan

Muito embora a luso-descendente se esquive a revelar a quantidade da reserva de ouro ali depositada, estima-se que, em 2019, o cofre do Federal Reserve Bank of New York tivesse qualquer coisa como 479 mil barras de ouro, com um peso combinado de 6.190 toneladas.

Apesar de ter subido com rapidez os degraus da hierarquia no FRBNY, nem sempre foi o imprevisível universo da finança a sua paixão.

🌐AS ORIGENS PORTUGUESAS

Lola Souza nasceu em Fall River, MA, filha dos emigrantes Cecília e Manuel Soares Sousa, que, em 1959, trocaram a ilha açoriana de São Miguel pela vida nos Estados Unidos; Lola Souza, que fez o liceu em Somerset, diz ter tido “uma infância tipicamente portuguesa e a primeira língua que aprendi foi precisamente o português.”

É na Tufts University, em Massachusetts, que se forma em engenharia mecânica. O canudo abre-lhe as portas para a Marinha norte-americana, “onde entrei a desenhar peças para torpedos.” O casamento leva-a até à Califórnia, onde vive 7 anos e onde também descobre o interesse pelas finanças a trabalhar para uma grande empresa de telecomunicações. Resolve entrar para a UC Berkeley para a obtenção de um canudo no ramo, mas a vinda para Nova Iorque (ditada pela carreira de professor universitário do marido) obriga-a a terminar o curso no Manhattan College (onde foi a melhor aluna do ano).

Durante a crise financeira da bolsa em 2008, Lola Souza tinha o gabinete de controlo de riscos a seu cargo. “Tivemos de realizar um trabalho desgastante, foi um período incrível em que eram escassas as horas de sono”, relembra

É em 1994 que entra para o New York Federal Reserve Bank, como analista. A progressão de carreira foi rápida e, em 8 anos, passou a vice-presidente. “Ao longo destas décadas no banco já passaram por mim muitas missões e cargos”, conta Lola Souza. “Como ‘Regional Check Manager’, por exemplo, era responsável pelo processamento de 4 milhões de cheques por noite, com 350 pessoas sob  minha alçada.”

Durante 3 anos, a luso-americana foi ainda responsável pelas operações de cash e pelo cofre da imensa reserva de ouro do banco, para além de “também ter tido a gestão de todos os nossos edifícios aqui em Nova Iorque.”

🌐DE REGRESSO ÀS RAÍZES

Durante a crise financeira da bolsa em 2008, Lola Souza tinha o gabinete de controlo de riscos a seu cargo. “Tivemos de realizar um trabalho desgastante, foi um período incrível em que eram escassas as horas de sono”, relembra.

Questões como a ciber segurança e pandemias globais também a impedem de dormir.

Lola Souza tinha 9 anos quando os pais a levaram pela primeira vez aos Açores. Voltaria depois aos 20 e, após isso, só em 2009 voltou a pisar terra lusa, dessa feita para mostrar aos filhos adultos, Alexander Judge e Katherine Judge, o país das suas origens. “Eu e eles adoramos”, diz. “Apesar de ter aqui nascido, sentia que pertencia àquele lugar, que os Açores eram parte integrante de mim. E pensei: em que lugar do mundo gostaria de construir uma casa para passar parte da reforma? Aqui. A minha ligação é muito forte, uma vez que, apesar de estarmos na América, fui criada dentro aquela cultura.”

Souza passou das palavras aos actos e está agora a construir uma casa no sítio onde a mãe nasceu, Fenais da Luz, em São Miguel, onde pretende passar parte da reforma com o actual marido, Richard Barra.

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