LUSO-AMERICANO COM SENTIDO DE PRONTIDÃO FOI DE ENFERMEIRO AO DOMICÍLIO A POLÍCIA EM MANCHESTER, CT

• Ricardo Tavares é filho de emigrantes de Vale de Cambra e pertenceu ao Rancho Folclórico do Clube Português de Hartford

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

• Colaboração: FERNANDO G. ROSA

Nasceu para ajudar os outros. Formou-se primeiro em enfermagem, numa escola técnica do estado de Connecticut, e exerceu a profissão durante uma década, grande parte dela como enfermeiro ao domicílio. “Um dia, um paciente de quem cuidava, antigo fuzileiro naval, disse-me que devemos sempre seguir os nossos sonhos”, conta o luso-descendente Ricardo Tavares, 38 anos, ao jornal LUS0-AMERICANO. “Como sempre quis ser agente, resolvi dar ouvidos ao conselho e aqui estou, hoje, ao serviço da Polícia de Manchester.”

De farda desde 2016, Tavares patrulha pela noite as ruas de Manchester, um município de Connecticut com cerca de 60 mil habitantes, na periferia da capital do estado, Hartford. “A nossa prioridade é garantir a segurança, o bem-estar e prosperidade dos moradores de Manchester”, afirma o agente Tavares, referindo-se ao departamento policial local, com cerca de 120 homens e mulheres. “O facto de falar português, espanhol e francês tem sido muito importante para o meu trabalho. Chego muitas vezes a servir de intérprete em situações de trabalho.”

Ricardo Tavares nasceu em Hartford, filho de Ernesto e Irene Tavares, emigrantes de Vale de Cambra, na região norte de Portugal. Aos 5 anos, a família mudou-se para Newington, CT, onde faria a escola secundária. “Cresci num lar tipicamente luso-americano e aprendi mesmo a falar português antes de saber expressar-me em inglês”, revela. “Andei na escola portuguesa e frequentava a igreja e a catequese na igreja Nossa Senhora de Fátima, para além de também ter dançado durante 20 anos no Rancho Folclórico do Clube Português de Hartford.”

Antes da enfermagem e da lei e ordem, ainda mergulhou no universo da informática, mas a vocação para o serviço público falaria mais alto…

“Não há nada como estar em posição de se poder ajudar os outros”, garante. “E esse foi sempre um objectivo que me norteou, sobretudo quando, como enfermeiro, me deparava com pessoas doentes. É mesmo muito gratificante”

Para se tornar polícia, recebeu treino profissional na Academia da Polícia do Estado de Connecticut, em Meriden; como primeiro elemento da família mais próxima a escolher aquela carreira, reconhecidamente de alto risco, “deixei, a princípio, a minha mãe preocupada, mas hoje, tanto ela como o meu pai, sabem que é o que gosto de fazer e têm muito orgulho de mim.”

Tavares anseia em subir hierarquicamente na carreira e chegar a altas patentes, “mas, por enquanto, gosto muito do que faço, como agente de patrulha, porque lido directamente com as pessoas e estou próximo da comunidade, onde acredito poder fazer a diferença.”