LUSO-AMERICANO É ASSISTENTE MÉDICO EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TOPO EM NEW JERSEY

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

A dúvida, em pequeno, era só se iria para pediatria ou qualquer outro ramo em medicina. “Mas desde cedo que sabia que iria ser provedor de saúde”, afirma o luso-americano Nicholas (‘Nick’) Almeida, de 28 anos, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. No último ano do liceu em Kenilworth que frequentou, habilitou-se a uma vaga num programa para ‘Physician Assistant’ (vulgo PA em gíria médica) e depressa descobriu a sua vocação…

“Trata-se de uma carreira verdadeiramente gratificante e, ao mesmo tempo, uma forma de contribuirmos de forma positiva para a sociedade”, nota o jovem profissional, que nasceu em Rahway, NJ mas vive sempre em Elizabeth. “Gosto genuinamente do que faço e nunca desisto dos pacientes, a nossa função é salvar vidas.”

O primeiro obstáculo a transpor foi a formação académica, que, aliás, Almeida fez com uma perna às costas, cumprindo os 7 anos de mestrado na Seton Hall University. Tinha 25 anos quando terminou os estudos superiores, ingressando de imediato, em Agosto de 2018, no Robert Wood Johnson University Hospital (RWJUH), onde ainda se mantém, agora a trabalhar na área da cirurgia cardíaca e torácica da unidade de cuidados intensivos.

🌐A FUNÇÃO DE ASSISTENTE MÉDICO

“Regra geral pensa-se que os assistentes médicos são meros ajudantes dos cirurgiões, quando na verdade temos mesmo certificação para exercer medicina”, refere Nicholas Almeida. “Podemos trabalhar em todos os sectores da saúde, da medicina interna às urgências e psiquiatria. Fazemos equipa com médicos e cirurgiões e outros provedores.”

É ampla e diversificada a descrição de funções de um PA, indo da obtenção de informação do paciente e família sobre o seu estado de saúde e historial clínico, ao apoio no exame e tratamento de pacientes, preparação e manuseamento de instrumentos e materiais médicos, emissão de receitas e informação de reabastecimento de medicamentos às farmácias, marcação de consultas, etc..

🌐UM HOSPITAL DE PRESTÍGIO

O Robert Wood Johnson University Hospital, pertencente ao grupo RWJBarnabas Health, surge com frequência na lista das melhores unidades hospitalares dos EUA da revista ‘U.S. News & World Report’, sendo mesmo considerado o melhor hospital da região centro do estado de New Jersey. Em 2007/08, ocupou mesmo posições cimeiras no ranking nacional em 4 especialidades: cuidados de geriatria (40.º lugar), cardiologia e cirurgia cardíaca (26.º), patologias respiratórias (26.º) e urologia (50.º).

O RWJUH tem 965 camas e forte presença em New Brunswick, onde se localiza o hospital principal, o Rutgers Cancer Institute of New Jersey, o Robert Wood Johnson Medical School e o Bristol-Myers Squibb Children’s Hospital. Centro de trauma e cuidados críticos de nível 1, o hospital, criado em 1884, já teve várias denominações, tendo adoptado a actual nomenclatura em 1986; a junção ao Barnabas Health acontece em 2016, criando-se assim o RWJBarnabas.

🌐A EXPERIÊNCIA COVID

Como todos os outros profissionais de saúde, Nicholas Almeida viveu de perto a crise do coronavírus; a unidade em que estava colocado transformou-se em enfermaria COVID-19 e o jovem assistente médico viu-se na contingência de lidar com uma patologia para a qual não havia formas de tratamento.

“Alguns dos doentes mis críticos de COVID-19 em New Jersey, no pico da pandemia, passaram por mim”, relembra Almeida, que viu (e continua a ver) gente na casa dos 40 a morrer com o vírus. “É muito difícil ver pessoas saudáveis, com muitos anos ainda para viver, sucumbir à COVID e ainda ter de informar os familiares da pior das notícias que se pode dar…”.

🌐AS ORIGENS PORTUGUESAS

Nicholas Almeida é filho de Maria e José Almeida, emigrantes de Bunheiro (Murtosa) e Parada de Gonta (Tondela), respectivamente. Cresceu em Elizabeth num ambiente que caracteriza como “tipicamente português. Aprendi a ler e a escrever português graças à minha avó e ao jornal LUSO-AMERICANO, que tínhamos sempre em casa. Quando, ao ler um artigo, me deparava com uma palavra cujo significado desconhecesse, perguntava a ela do que se tratava. Com os meus pais falei sempre português e essa foi uma grande aprendizagem.”

Acrescenta Almeida: “Sempre fomos um lar luso-americano, com gastronomia e tradições portuguesas. Para além de que passei muitos verões em Portugal. Creio que sou dos membros da primeira geração americana da nossa família mais ligados à terra dos meus pais.”

O assistente médico diz, a terminar, à laia de conselho: “Para seguirmos aquilo em que nos sentimos realizados, basta haver motivação e força de vontade. Eu, por exemplo, naquilo que faço, sinto-me altamente realizado. Trata-se de uma ocupação fenomenal, sobretudo ver as pessoas entrarem doentes no hospital e, depois de tratados, saírem recuperados. Para além disso, não há monotonia alguma, nunca sabemos o que nos traz um novo dia de trabalho.”