LUSO-AMERICANO É SUB-COMISSÁRIO DE OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES NO CONDADO NOVA-IORQUINO DE WESTCHESTER

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O luso-americano Hernane de Almeida, de 43 anos de idade, é, desde Maio de 2020 (assumiu o cargo em plena pandemia), vice-comissário de Obras Públicas e Transportes no condado nova-iorquino de Westchester, a norte de Manhattan. O departamento é responsável pela manutenção de cerca de 160 milhas de rodovias (incluindo a auto-estrada Bronx River Parkway), 86 pontes, um aeroporto regional, o sistema público de autocarros e todos os edifícios que albergam serviços governamentais, nomeadamente a rede de tribunais, departamento de Saúde e serviços sociais, etc..

“Tenho sob meu controlo 160 dos 256 funcionários afectos ao departamento”, afirma o engenheiro civil Hernane de Almeida, na entrevista que concedeu ao jornal LUSO-AMERICANO no seu gabinete de trabalho em White Plains. “O nosso orçamento para 2022 foi já estipulado pelo condado e e de 2,3 mil milhões de dólares.”

A experiência profissional anterior fez do luso-americano o engenheiro e superintendente de Obras Públicas nos municípios de Mamaroneck (de 2015 a 2020) e Greenburgh (2010-15), também em Westchester.

🌐DE YONKERS PARA O TOPO

Hernane de Almeida nasceu em Yonkers, NY, filho de emigrantes de Águeda, distrito de Aveiro. Passou a infância e a adolescência entre Yonkers e Mount Vernon, onde fez os estudos elementares. “Fui educado num lar tipicamente luso-americano, em nossa casa falava-se português e seguiam-se as tradições da terra”, conta. “Para nos mantermos ligados à cultura, frequentávamos o PACC de Yonkers e eu passava os verões em Portugal no campo, com os meus avós. Na altura queria era conviver com os meus amigos na América, mas agradeço o que os meus pais fizeram por mim, ao me enviarem de férias para lá. São recordações inolvidáveis que me enriquecerem muito como pessoa.”

Após ingressar no Westchester Community College para seguir engenharia civil, apercebeu-se dos custos exorbitantes do ensino superior e acaba por juntar-se à icónica polícia de Nova Iorque, a NYPD, em 2002, afecto à 45.ª Esquadra, em Bronx.

“Como fazia os turnos da noite, de dia aceitei o convite de um antigo professor e trabalhava na sua firma de engenharia e arquitectura em regime part-time. Era, afinal, o que gostava de fazer, mas o emprego na polícia dava-me outra estabilidade e, como estava noivo e ia casar…”.

🌐DE POLÍCIA NA NYPD A ENGENHEIRO CIVIL

A vocação para a engenharia acaba por falar mais alto e Hernane de Almeida deixa a NYPD para terminar a sua formação superior no Manhattan College. “As coisas foram-me acontecendo na hora certa”, nota.

O luso-americano reconhece ser gratificante “fazer parte de uma equipa que opera para melhorar as condições de vida e trabalho dos residentes do condado. Embora persista a ideia de que o funcionalismo público é desperdício, a maior parte de nós está aqui para fazer o bem e ter impacto positivo na sociedade. É claro que, por vezes, há ineficácia, mas esforçamo-nos ao máximo para a combater.”

Dá como exemplo o esforço recente dos funcionários do condado durante o furacão Aida, que, em tempo recorde, minimizaram os seus efeitos.

🌐O PILAR FAMILIAR – E ÓRFÃO DE PAI AOS 12

Hernane de Almeida fala com respeito e admiração da mãe, Dulce Ginja, “a quem devo ter chegado onde estou. Os meus pais emigraram com poucos recursos, trabalharam arduamente de dia e de noite para que os filhos tivessem um futuro mais risonho. Foram eles que me inculcaram o espírito de que devemos sempre seguir o caminho certo, respeitando a ética e tratando os outros com respeito; se assim fosse, tudo o resto viria por acréscimo.”

Órfão de pai aos 12 anos, tem ainda uma palavra de louvor para com o padrasto – “sei que em garoto não era nenhum anjinho…”. E garante medir o êxito pessoal não pelo dinheiro, “mas pelos valores morais e de família. Ao final de contas, se sou bem sucedido a nível profissional, também o devo aos amigos e família. É resultado disso, da educação que recebi em casa e de um bocado de sorte.”

Sabe que, “quando estamos em posições de chefia em que se tomam decisões todos os dias que afectam a vida das pessoas, podemos por vezes nem tomar as mais certas, mas são as possíveis com o que sabemos naquele momento.”

Como conselho, avança: “Não se foquem apenas no salário e em títulos, vivam a vida e sobretudo não magoem os outros. Procurem ser moralmente correctos e, se tiverem um vício, tentem fazer com que se afaste do vosso caminho.”