MAIOR ASSOCIAÇÃO LUSA DA CIDADE DE NOVA IORQUE MUDA DE NOME, FAZ OBRAS E GANHA ESTATUTO ‘NON-PROFIT’

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Fundado em 1937 no coração de um dos bairros da área metropolitana da Grande Nova Iorque, o agora Centro Cultural Português de Jamaica tem – com mais de 80 anos de historial – sabido assumir o papel de sala de visitas da comunidade em Queens. Actualmente, a associação do 147-25 Liberty Avenue, com 350 sócios activos e uma escola de herança, é mesmo a maior agremiação portuguesa na cidade de Nova Iorque (como se sabe, o clube de Brooklyn está praticamente inactivo e o de Queens Village resume-se a pequenas actividades recreativas).

Aspecto do novo bar do agora Centro Recreativo Português de Jamaica, na Grande Nova Iorque

➝OBRAS E ESTATUTO 501(c)

Prova da sua pujança está no facto de, através do esforço da actual direcção, capitaneada pelo presidente Mário Gil, se ter conseguido obter o estatuto 501(c), que isenta a organização do pagamento de impostos. “Era algo de que a Escola Nuno Álvares Pereira já desfrutava mas que agora passa a abranger todo o Centro”, explica o voluntário e ex-presidente Alcides Rodrigues, em declarações prestadas ao jornal LUSO-AMERICANO. “Como resultado disso, tivemos de passar de Clube Recreativo a Centro Recreativo; há ainda detalhes burocráticos a acertar, que o estado de pandemia tem atrasado um bocado”.

Rodrigues, que nasceu em Portugal e veio para a América com 2 anos em 1975, considera mesmo que, “se não tivéssemos conseguido o estatuto de organização sem fins lucrativos, possivelmente não teríamos sobrevivido à pandemia”.

Em Dezembro de 2019, ainda sob a presidência de Amélia Gonçalves, um grupo de voluntários decidiu encetar obras na sede – que se estenderam até Maio de 2020, em plena pandemia. “O trabalho foi todo executado por sócios e outros voluntários e ninguém foi pago; trabalhamos nos nossos tempos livres”.

A área da cave foi totalmente demolida e refeita, “desde a instalação do sistema de electricidade, ao ar condicionado, canalização, etc.”, detalha Alcides Rodrigues. “O bar mudou de posição e está agora muito mais amplo, com novo equipamento para conveniência dos bartenders e um melhor serviço aos associados”.

Foi ainda criada uma sala-de-estar e as paredes do espaço forradas a madeira recuperada de obras de demolição que empresas de portugueses ofereceram – o que torna o projecto amigo do ambiente. O salão nobre, que espera por dias melhores, também levou pintura nova.

Alcides rodrigues, ex-vice-presidente da direcção, mostra duas fotografias de figuras ligadas ao historial do Centro

➝ OBRAS QUANTIFICADAS EM MEIO MILHÃO, MAS GASTOS FICAM-SE PELOS $60 MIL

“Se tivéssemos que quantificar o valor destas obras, elas rondariam o meio milhão de dólares”, palpita Rodrigues. “Como foi tudo executado por nós, até agora gastámos apenas perto de 60 mil. Diga-se que estes eram melhoramentos de que há muito esta casa necessitava”.

As obras passaram agora para a zona exterior do edifício, onde o bar de assistência aos eventos de verão está a ser todo renovado, indo seguir o mesmo padrão decorativo do interior. O palco foi alargado e deverá ser forrado em pedra, assim como foi pintado o edifício adjacente onde funciona a escola – por enquanto em aulas não-presenciais.

Aspecto da sala-de-estar criada na sede do Centro

➝ A DIRECÇÃO 2021 E A DEDICAÇÃO DE QUEM JÁ NEM VIVE EM QUEENS…

A actual direcção do Centro, para além do já citado presidente Mário Gil, inclui o vice-presidente Carlos Farias, os secretários Ilda Martins e Danny Pinto e os tesoureiros José Sá e Tino José.

Para sócios como Alcides Rodrigues, o que os liga ao Centro são laços afectivos. “Grande parte dos nossos membros já não vive em Jamaica, mas tem negócios aqui e frequenta a zona”, explica. “Eu, por exemplo, já saí de Queens há 18 anos mas esta vai ser sempre a minha primeira casa. Quando era miúdo vinha para aqui, jogava futebol, dançava no rancho e frequentei a escola. Enquanto pudermos, temos a obrigação moral de manter o Centro vivo”.

Alcides nasceu na freguesia de Trezoi, concelho de Mortágua, e traz Portugal no coração. Foi vice-presidente durante 6 anos e agora, como voluntário, continua a ser um dos pilares desta casa lusa em Queens.