Marcelo diz que portugueses têm “obrigação de perceber melhor os imigrantes”
O Presidente da República defendeu hoje, em Olhão, que os portugueses têm “a obrigação de perceber melhor” o que sentem os imigrantes quando chegam ao país, uma vez que Portugal é tradicionalmente um país de emigrantes.
“Nós temos a obrigação de perceber melhor, porque outros países europeus não têm tradição de emigração. Como é que nós não compreendemos o que outros sentem cá?”, indagou Marcelo Rebelo de Sousa numa aula a alunos do ensino secundário, em Olhão, dias depois de terem sido tornadas públicas as agressões a um imigrante nepalês, por um grupo de jovens, naquela cidade.
O vídeo partilhado nas redes sociais na sexta-feira passada mostra o imigrante caído no chão, em posição defensiva, a tentar proteger-se de pontapés, murros e pauladas desferidos pelos agressores, cujos rostos não são bem visíveis, por estarem com capuzes. O caso está a ser investigado pela PSP, que já identificou alguns dos responsáveis.
Questionado pelos jornalistas sobre o que o levou a promover esta iniciativa logo após ao episódio de violência, o Presidente da República respondeu: “É precisamente quando ocorre, e por isso é que fui tão rápido, que se deve tratar destas questões. Porque se for daqui a três meses, quatro meses, cinco meses, seis meses, a realidade banaliza-se. E ao banalizar-se, passa a considerar-se normal o que não pode ser considerado normal”.
Rejeitando a ideia de que Portugal seja um país xenófobo, Marcelo Rebelo de Sousa alertou, no entanto, para a necessidade de as sociedades se manterem atentas, para que o medo e as atitudes defensivas relativamente à imigração não conduzam a comportamentos xenófobos.
“O envelhecimento das sociedades europeias cri-ou aquilo a que eu chamo o medo, uma atitude reativa, defensiva e, portanto, de rejeição da diferença, e daí até à xenofobia é um pequeno passo e tem de se estar atento a esse pequeno passo porque significa menos democracia e, até, menos respeito daquilo que é a nossa experiência como país de emigrantes”, sublinhou.