‘Mayor’ diz que o seu trabalho actual preparou-o para conseguir governar
Durante uma palestra no campus da Universidade Fairleigh Dickinson em Madison na passada terça-feira, dia 19 de Março, o ‘mayor’ de Newark, Ras J. Baraka, conversou e delineou o seu plano para liderar o estado de New Jersey.
Candidato pelo partido democrata ao cargo de governador, Baraka tocou em temas chave que considera importantes: a educação em New Jersey, que na sua opinião precisa ser mais equitativa; a construção de moradias mais acessíveis à população, que aumentará os valores das propriedade; e o crime, que é uma das consequência da concentração desproporcional de riqueza.
Considera que é a pessoa indicada para este cargo pois lida, na cidade de Newark, com todos os problemas que são vistos a nível estadual. O que o destaca é o facto de lidar “com eles em um ritmo mais extremo do que outras pessoas.”
O fórum moderado pelo investigador e cientista político Peter Woolley, foi o quinto de uma série de conversas com candidatos ao cargo do governador.
Esta presença no campus da universidade foi a mais recente de uma série de compromissos de campanha, logo após o seu recente discurso do Estado da Cidade.
Antes de se tornar ‘mayor’, Ras J. Baraka foi professor e director do Central High School, em Newark. Possui 23 anos de experiência nas escolas públicas da cidade.
Quando questionado sobre qual ocupação era mais difícil, respondeu: “Ser director, com muitos poucos recursos e uma montanha de problemas, é provavelmente um dos trabalhos mais difíceis do país, a par de ser mayor da cidade”.
Embora tenha dito que New Jersey está consistentemente num alto lugar no ranking nacional quanto à educação, esses permanecem altos pois apenas se focam em estudantes brancos e asiáticos. Quando estudantes negros e latinos são contabilizados, disse, o estado cai no ranking.
Outro exemplo de queda é quando alunos que recebem almoços gratuitos são incluídos.
“É imperativo que New Jersey faça algo quanto ao que está a acontecer, para melhorar não apenas a nossa imagem, mas também a nossa economia, mercado de trabalho, pessoas que ingressão no ensino superior — tudo isto é importante para fazer o estado avançar”, disse Baraka, completando que é algo com que temos de lidar.
Dan Cassino, que ocupa o cargo de director executivo do ramo da investigação na FDU, questionou o ‘mayor’ sobre o impacto da construção de moradias acessíveis nos valores das casas existentes.
Baraka considerou Newark um exemplo de como novas moradias podem melhorar as comunidades, incluindo os valores das propriedades: “Os valores da propriedade em Newark valorizaram duas a três vezes, por isso não é correcto dizer às pessoas que ao construir novas moradias que estas desvalorizarão a sua propriedade”.
A base que sustenta a opinião daqueles que se opõe a tal desenvolvimento, disse, é o medo: “É apenas preconceito e o medo das pessoas de permitir que outros entrem na sua comunidade, entrem no seu bairro.”
Em Newark, onde a grande maioria dos residentes aluga, as preocupações concentram-se em grande parte no aumento das rendas e na gentrificação.
Os valores das propriedades na maior cidade do estado de New Jersey aumentaram, assim como as de todo o estado. Em Maio de 2023, o preço médio de venda de casas em Newark subiu de $180.000 em 2015, para $433.000.
Entre os desafios de liderar Newark está o crime, que Baraka disse ter alcançado o número mais baixo desde que John F.
Kennedy foi presidente. “Construímos algo em Newark que, na minha opinião, acho que resiste ao teste do tempo — um ecossistema que nos ajuda a reduzir o crime de forma consistente”, disse Baraka.
Em 2023, a polícia de Newark registou uma diminuição de 10% em todos os crimes violentos, que incluiram 47 homicídios; uma diminuição de 7,8% face a 2022, e uma diminuição de 51% em relação aos 95 homicídios relatados em 2014.
A “United States Conference of Mayors”, da qual Baraka faz parte, e a “National League of Cities” têm, segundo o ‘mayor’, direccionado outros municípios para Newark para obterem conselhos sobre como li- dar com o crime.
Em Newark, considerou a problemática do crime como um problema de saúde pública, e lançou iniciativas de prevenção, a partir do Escritório de Prevenção à Violência e Recuperação de Trauma da cidade.
“A riqueza está a concentrar-se nas mãos de cada vez menos pessoas, o que aumenta o tipo de problemas sociais que dão vida à violência e ao crime”, disse Baraka.