Morreu Mário Coluna
O antigo futebolista do Benfica Mário Coluna morreu hoje, em Maputo, vítima de uma infecção pulmonar grave, informou o clube português.
Mário Coluna, antigo internacional português, nascido em Moçambique, tinha 78 anos e estava internado desde domingo no Instituto do Coração, na capital moçambicana.
O antigo capitão do Benfica e da selecção lusa já tinha estado internado naquela unidade em 2012, depois de ter sofrido um ataque cardíaco.
Nascido em Inhaca, Moçambique, a 6 de Agosto de 1935, Coluna conquistou a Taça dos Campeões Europeus em 1961 e 1962 – com um golo em cada final -, foi campeão nacional 10 vezes e conquistou a Taça de Portugal em sete ocasiões ao serviço do Benfica, clube que representou entre 1954 e 1970, fazendo 525 jogos oficiais.
Com a camisola da selecção portuguesa, efectuou 57 jogos e marcou oito golos, envergando a braçadeira de capitão quando Portugal foi terceiro classificado no Mundial de 1966, em Inglaterra, que ainda hoje continua a ser a melhor classificação lusa em campeonatos do Mundo.
Em Moçambique, no início da carreira, alinhou pelo Desportivo de Lourenço Marques, tendo encerrado o percurso como jogador no Estrela de Portalegre (1971/72), depois de uma época no Olympique de Lyon, em França.
Um símbolo do Benfica europeu e da melhor selecção portuguesa
Mário Coluna afirmou-se como um dos jogadores mais importantes na centenária história do Benfica, clube a que chegou aos 19 anos e no qual integrou uma galeria notável.
Ao lado de Eusébio, que morreu em Janeiro, de José Águas, de Torres, José Augusto, Cavém, Simões e outros tantos, Coluna escreveu das páginas mais importantes da história do Benfica, em especial nos seus únicos títulos europeus.
O ex-jogador chegou ao Benfica em 1954 rotulado de goleador, mas o técnico Otto Glória deu-lhe a sua posição verdadeira: a de um dos melhores médios ofensivos nas décadas de 1950 e 60.
O “monstro sagrado”, uma das alcunhas pela qual foi conhecido, iniciou o seu percurso com as cores do Benfica em 1954/55 e foi logo na época de estreia que marcou mais golos, 17 em 32 jogos, entre campeonato (26) e Taça de Portugal (6).
Depois disso, não mais deixou de ser uma das referências do Benfica ao longo de 16 temporadas (1954 a 1970), tendo estado nas duas conquistas europeias, em 1960/61 (3-2 ao FC Barcelona) e 1961/62 (5-3 ao Real Madrid).
Também esses foram jogos míticos para Mário Coluna, numa equipa ainda capitaneada por José Águas – o médio assumiria mais tarde a braçadeira após a retirada do avançado -, que foi fulcral nos dois triunfos.
No primeiro, em Berna, Coluna fez aquele que seria o 3-1, com um remate forte de fora de área, e no segundo, em Amesterdão, fez o 3-3, novamente com um pontapé “canhão2, perante o Real Madrid (Eusébio faria o 4-3 e o 5-3 final).
O “capitão”, estatuto que assumiria após a retirada de José Águas, conseguiu conquistar 19 títulos ao serviço do Benfica: às duas Taças dos Campeões Europeus, somou dez campeonatos e sete taças de Portugal.
O Benfica foi a “casa” de Coluna, mas a antiga glória, que começara no Desportivo Lourenço Marques, ainda representou no final da sua carreira os franceses do Lyon (1970/71) e o Estrela de Portalegre (1971/72), como treinador-jogador.
Foi o início da sua experiência como técnico, que juntou ainda as experiências nos juniores do Benfica e no Benfica do Huambo (Angola).
O “monstro sagrado” teve igualmente percurso notável na selecção portuguesa, estando no melhor resultado de Portugal de sempre: no terceiro lugar no Mundial de 1966, em Inglaterra, durante o qual capitaneou a equipa das “quinas”.
Coluna representou por 57 vezes a selecção lusa, pela qual marcou oito golos. A sua estreia aconteceu aos 19 anos num particular entre a Escócia e Portugal, a 4 de Maio de 1955, em que a equipa lusa perdeu por 3-0.