Morreu o primeiro paciente a receber um coração de porco geneticamente modificado
David Bennett, norte-americano de 57 anos, tinha uma doença cardíaca terminal e fez história como a primeira pessoa a receber um coração de porco geneticamente modificado. Bennett recebeu o transplante há dois meses, a 7 de Janeiro e morreu no Centro Médico da Universidade de Maryland esta semana.
A sua doença começou a piorar há já vários dias, disse o hospital, acrescentando que foram prestados “cuidados paliativos compassivos” depois de se tornar claro que já não deveria recuperar, foi ainda capaz de comunicar com a sua família nas suas últimas horas de vida.
David Bennett chegou primeiro ao Centro Médico da Universidade de Maryland como um paciente em Outubro. Nessa altura, foi-lhe colocado uma máquina de bypass coração-pulmão, chamada de oxigenação extracorporal de membrana (ECMO), para o manter vivo. Acabou por se perceber que não era considerado elegível para um transplante de coração convencional.
Nesse seguimento, a equipa médica acabou por lhe implantar um coração de porco geneticamente modificado. Como David Bennett não rejeitou esse órgão, na altura o seu filho considerou o procedimento um milagre. A cirurgia foi uma das primeiras a demonstrar a viabilidade de um transplante de um porco para um humano. Tudo isto foi possível graças a novas ferramentas de edição genética.
Para David Bennett, esta cirurgia foi a sua última hipótese de tratamento. “Antes de receber o transplante, Bennett foi complemente informado dos riscos do procedimento, e que este procedimento era experimental com riscos desconhecidos e benefícios”, refere ainda o hospital na nota de imprensa.
A 31 de Dezembro de 2021, a FDA, a agência que regula a comercialização de medicamentos nos Estados Unidos, concedeu uma autorização de emergência para a cirurgia para que fosse possível salvar a vida deste doente. O transplante de coração ainda correu “muito bem durante várias semanas sem quaisquer sinais de rejeição”, destaca o hospital.
Há já algum tempo que os porcos têm sido uma fonte tentadora para potenciais transplantes dos seus órgãos porque são semelhantes aos dos humanos.
Esforços anteriores de transplantes de porcos para humanos falharam devido a diferenças genéticas que causam a rejeição de órgãos ou de vírus com risco de infecção.