Moscovo anuncia pagamento de dívida em rublos
O Ministério das Finanças russo disse que liquidou com rublos uma dívida em dólares, depois de um banco estrangeiro se ter recusado a fazer o pagamento em dólares, expondo a Rússia ao risco de um incumprimento.
O banco estrangeiro recusou-se a executar instruções para pagar 649,2 milhões de dólares devidos a 4 de Abril. Num comunicado afirmaram que tinham sido “obrigados a utilizar uma instituição financeira russa para fazer os pagamentos necessários (…) na moeda da Federação Russa”.
Durante várias semanas, a Rússia conseguiu afastar o perigo de um incumprimento porque o Tesouro dos EUA permitiu a utilização de moeda estrangeira, detida por Moscovo em bancos fora do país, para liquidar dívidas estrangeiras.
O departamento do Tesouro dos EUA anunciou que deixaria de permitir à Rússia pagar a sua dívida com dólares detidos em bancos americanos, aumentando a pressão e aumentando o risco de um incumprimento russo.
A mudança foi feita a 4 de Abril, o prazo limite de um pagamento russo sobre uma obrigação de 2 mil milhões de dólares, emitida em 2012.
Antes do pagamento, a Rússia já se tinha oferecido para comprar os créditos dos credores e reembolsá-los antecipadamente em rublos, uma medida que permitiria aos credores russos receber o seu dinheiro sem as complicações associadas às sanções, mas que também permitiria às autoridades pagar menos em dólares.
Assim, depois de um período de 30 dias, a contar a partir de 4 de Abril, poderia agora ser declarado um incumprimento.
“Não há base para um verdadeiro incumprimento”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, interrogado numa conferência de imprensa, dizendo que “a Rússia tem todos os recursos de que necessita para honrar as suas dívidas”.
“É difícil para a Rússia evitar um incumprimento soberano”, comentou Timothy Ash, um analista da Blue Bay Asset. “Um incumprimento é um incumprimento. Os mercados irão julgá-lo como tal. Os investidores não foram pagos e vão lembrar-se disso”, adiantou.
Como retaliação da intervenção militar russa na Ucrânia, a parte das enormes reservas russas detidas no estrangeiro, cerca de 300.000 milhões de dólares, está congelada no âmbito das sanções ocidentais.
O incumprimento corta o acesso de um estado aos mercados financeiros internacionais e compromete o seu regresso nos anos seguintes.