MUNDIAL 2022: Amnistia exige investigação a mortes de trabalhadores
A Amnistia Internacional exigiu uma investigação às condições em que morreram milhares de trabalhadores na construção dos estádios e infraestruturas que serão palco do Campeonato Mundial de Futebol no Qatar, bem como a criação de um fundo para indemnizações.
A um mês do início dos jogos no país, a Amnistia lançou uma nova petição para que o Qatar e a Federação Internacional de Futebol (FIFA) assumam responsabilidades na compensação dos danos causados às famílias das vítimas e aos trabalhadores que sobreviveram a acidentes de trabalho, na grande maioria migrantes oriundos da cordilheira dos Himalaias.
“O balanço que fazemos é que nada tem sido feito de muito significativo”, afirmou, em entrevista à agência Lusa o porta-voz da Amnistia Internacional em Portugal, Pedro Neto, denunciando situações de salários em atraso, ou que “não são pagos de todo”, e de recusa de dias de descanso aos trabalhadores.
“As condições de trabalho inseguras persistem até hoje”, atestou Pedro Neto, sublinhando os entraves colocados à mudança de emprego, “quer quando as entidades empregadoras ficam com o passaporte dos migrantes”, quer através de “outras formas que exigem autorização”.
Num comunicado que lança, a nível global, a Amnistia Internacional reconhece que o país adoptou alterações à legislação laboral, no âmbito dos compromissos exigidos para a realização do Mundial, mas considera que as mudanças são insuficientes e estão por concluir, a um mês do início da competição.
“Também há uma coisa que ainda não foi feita, que é uma investigação que tem de ocorrer sobre a morte de milhares de trabalhadores ao longo da construção dos estádios e de outras infraestruturas”, sublinhou o director executivo da AI em Portugal.
A Amnistia tem já a correr uma petição, que reclama uma verba de 433 milhões de euros.