NASCEU EM VIANA DO CASTELO E VESTE A FARDA DE POLÍCIA NO ESTADO NORTE-AMERICANO DE NEW JERSEY

Por HENRIQUE MANO | Bound Brook, NJ

Nasceu em Viana do Castelo e cresceu em Valença do Minho a agente portuguesa que desde Dezembro de 2022 veste a farda da Polícia de Bound Brook, no condado de Somerset, estado de New Jersey. Sara Silva, de 26 anos, é mesmo a segunda mulher na história de mais de um século e uma década daquela Polícia e uma de apenas duas actualmente ao serviço das forças de segurança do município.

A jovem agente faz turnos diários de 12 horas de trabalho nesta localidade à beira do rio Raritan, onde a Polícia conta com cerca de 30 elementos a garantir a paz e a segurança dos seus cerca de 12 mil habitantes.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A agente Sara Silva, da Polícia de Bound Brook, NJ

“Na minha opinião, a agente Sara Silva é um elemento que acrescenta uma grande mais-valia à nossa polícia”, afirma o vereador de origem portuguesa Shawn Guerra, de Bound Brook, em declarações ao jornal LUSO-AMERICANO. “Sendo bilingue, contribui de forma positiva para a comunidade no seu todo e é, em particular, uma voz importante para quem se expressa em português e espanhol”.

Ao chegar aos Estados Unidos, Sara Silva ainda fez dois anos de liceu antes de entrar primeiro para uma universidade comunitária e, seguidamente, para a Rutgers de New Brunswick, onde se formou em criminologia. Afinal, o seu fascínio pela profissão recua aos anos da sua infância, como bem conta à nossa reportagem: “eu sei que toda a gente diz o mesmo, mas foi mesmo desde pequena que queria entrar na polícia. E por influência de uma prima que tinha na PJ (Polícia Judiciária) em Lisboa que, quando ia ao Minho, me contava histórias de coisas que vivenciava e que achava interessante. Portanto, foi sempre o que quis fazer”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Sara Silva e o vereador luso-americano Shawn Guerra, de Bound Brook, NJ

Fazia ainda a sua formação superior quando consegue um estágio na Polícia de Bound Brook, “pelo interesse que tinha em saber como funcionava a polícia aqui. No final do estágio”, prossegue, “concorri a uma posição part-time nos arquivos e acabei por ficar, até que em 2022 fui contratada a tempo inteiro depois de ter feito 6 semanas de academia policial em Morristown”.

A agente Silva faz de tudo um pouco – de patrulha pelas ruas de Bound Brook, à resposta a ocorrências ligadas a acidentes de viação, violência doméstica, emissão de multas, poluição sonora…

Para a minhota, “ser bilingue é muito importante para o nosso trabalho. Às vezes até só chamada a ser de intérprete em casos de polícia em cidades vizinhas onde não há agentes que falem mais que uma língua”.

Sara Silva também reconhece que a lei e a ordem ainda é um universo muito dominado pelos homens, “mas já se nota uma grande evolução. Há mais mulheres à procura de fazer carreira policial e a serem reconhecidas como profissionais competentes”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A agente Sara Silva na sua viatura de trabalho

Na escolha de profissão, a agente Sara teve o apoio tanto do pai, Vítor da Silva, como da mãe, Manuela da Silva, “muito embora a minha mãe tenha ficado mais reticente, por saber ser uma carreira de risco. É o instinto de mãe”.

A outras mulheres interessadas na polícia, deixa como conselho: “nunca desistam, se essa for a vossa vontade. No início, na academia, é mesmo muito difícil e chegamos a pensar que não o conseguimos, é muita pressão. Mas desistir, nunca. Vale muito a pena, para além de que tenho colegas incríveis. Não me arrependo mesmo nada da escolha de carreira que fiz”.

A agente mantém-se ligada a Portugal (e às raízes), quanto mais não seja porque tem lá grande parte da família materna. “Aliás, estive lá duas semanas em Julho”, diz, a terminar.

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