Navio de cruzeiro aportou em Bayonne, Nova Jersey, com 24 suspeitos de coronavírus

Vinte e sete passageiros de um navio de cruzeiro da companhia Royal Caribbean que hoje aportou no cais de Bayonne, Nova Jersey, foram considerados suspeitos de terem sido infectados com o coronavírus.

Segundo o “mayor” local, Jimmy Davis, apenas quatro dos 27 passageiros, todos de nacionalidade chinesa, foram, no entanto, enviados para o Hospital Universitário de Newark, onde se encontram a fazer testes mais detalhados.

Os restantes passageiros chineses foram conduzidos ao Aeroporto de Newark, de onde seguirão para a China, e os restantes passageiros da embarcação, o Anthem of the Seas, foram autorizados a desembarcar normalmente.

Phil Murphy, governador de New Jersey, anunciou esta semana a criação de uma “task force” preparada para responder a qualquer eventualidade relacionada com a evolução do vírus, e uma linha telefónica (800-222-1222) destinada a responder a questões relacionadas com o coronavírus.

Segundo as autoridades de saúde norte-americanas, 11 pessoas de cinco estados foram confirmadas com coronavírus, nenhum deles em Nova Jersey, Nova Iorque ou Pensilvânia.

Há ainda, nos Estados Unidos, 76 pessoas sob suspeita de terem contraído o vírus, encontrando-se pendentes os resultados das análises.

Número de mortos subiu para 636, com mais de 31 mil casos confirmados

O número de mortos provocados pelo novo coronavírus subiu hoje, sexta-feira, para 636, com 31.161 pessoas infectadas, anunciaram as autoridades chinesas.

Desde o último balanço, na quinta-feira, registaram-se mais 73 mortes e 3.143 casos de infecção no surto que começou na cidade de Wuhan, na província central de Hubei.

Dos casos de infecção, 4.821 são considerados graves, enquanto 1.540 pessoas que estiveram doentes já tiveram alta, indicou a Comissão Nacional de Saúde chinesa.

As autoridades acompanharam mais de 314 mil pacientes, 186.000 dos quais continuam sob observação.

Na Europa, o número de casos confirmados chegou hoje, sexta-feira, a 31, com novas infecções detectadas no Reino Unido, Alemanha e Itália.

O médico chinês que deu o primeiro alerta sobre o surto do novo coronavírus morreu na quinta-feira, depois de ter contraído pneumonia na semana passada, anunciou o hospital onde estava internado.

O oftalmologista Li Wenliang, de 34 anos, foi “infelizmente contaminado durante o combate à epidemia de pneumonia do novo coronavírus”, afirmou, na sua conta na rede social Facebook, o hospital central de Wuhan.

A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infecção confirmados em mais de 20 países.

A Organização Mundial de Saúde declarou em 30 de Janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adopção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

O que se sabe e se desconhece sobre a nova epidemia

O surto de um novo coronavírus surgido na China e que provoca pneumonias viras tornou-se uma epidemia que alastrou a vários países, embora seja em território chinês que se concentra a grande maioria dos casos.

Eis algumas perguntas e respostas sobre o novo coronavírus, denominado temporariamente 2019-nCoV, com base em informações do Centro Europeu de Controlo de Doenças e da Organização Mundial da Saúde:

O que são coronavírus?

São uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias.

Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas.

A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infectar seres humanos.

Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.

O que é o novo coronavírus da China, com o nome 2019-nCoV?

Trata-se de um vírus da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS – que provocava pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, em 2012.

Tem características genéticas semelhantes às da SARS.

Pode ser comparável à SARS de 2003 ou à gripe sazonal?

A SARS provocou mais de 8.000 infectados em 33 países durante oito meses e uma em cada dez pessoas morreu da doença.

O novo coronavírus já infectou três vezes mais pessoas, mas os dados preliminares apontam para uma menor taxa de letalidade, que rondará os 2% a 3%, no momento.

Em comparação com o vírus da gripe, o 2019-nCoV, apesar de apresentar sintomas semelhantes, tem características diferentes.

Anualmente, cerca de 40 mil pessoas na região europeia morrem prematuramente todos os anos decido a causas ligadas à gripe sazonal.

A Europa ainda não registou nenhuma morte pelo novo coronavírus.

Qual o modo de transmissão?

Os animais são a fonte primária de transmissão, mas já está confirmada a transmissão entre seres humanos.

Ainda não há informação suficiente sobre as formas exactas de transmissão entre humanos.

O vírus parece ser transmitido por via respiratória, através da tosse ou secreções de pessoas infectadas.

O período de incubação está estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até 14 dias.

Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.

Quais os sintomas?

Os principais sintomas são respiratórios e podem ser comuns ou semelhantes a uma gripe: febre, tosse, dificuldade respiratória, dores musculares e cansaço.

Há doentes que desenvolvem pneumonia viral e até septicemia.

Há grupos de maior risco?

Pessoas de todas as idades podem ser afectadas pelo coronavírus.

Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infectadas.

As autoridades destacam contudo que não há ainda informações suficientes para definir as pessoas atacadas de modo mais severo.

Há tratamento ou vacina?

Não há tratamento específico para este novo coronavírus, por isso têm sido tratados os sintomas, através de tratamento de suporte (como oxigénio) e antivirais existentes no mercado, mas não específicos. Não há também ainda vacina específica e as vacinas actualmente disponíveis contra as pneumonias não protegem deste coronavírus.

Quando se deve fazer o teste específico para o novo coronavírus?

Na presença de sintomas de doença respiratória e se nos 14 dias anteriores o doente esteve numa região afectada ou em contacto com pessoas infectadas pelo 2019-nCoV.

Como se pode prevenir?

A prevenção passa essencialmente por medidas de higiene e etiqueta respiratória: lavagem frequente das mãos, evitar contacto próximo com pessoas com febre ou tosse e ao tossir ou espirrar fazê-lo não para as mãos, mas antes para o cotovelo ou antebraço ou para um lenço que deve ser de imediato descartado.

Deve ainda evitar-se contacto directo com animais vivos em mercados ou áreas afectadas por surtos e o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos.

É recomendado o uso de máscaras?

As máscaras de protecção ajudam a prevenir a disseminação de infecções e ajudam a proteger quem está doente.

Mas o uso de máscaras não parece ser eficiente para quem não está doente.

Pode-se viajar? São aconselhadas viagens para a Ásia?

Os casos de doença reportados fora da China são considerados ainda esporádicos pelas autoridades de saúde.

O risco de ser infectado nos restantes países asiáticos é ainda baixo.

A OMS não estabeleceu também restrições nas viagens para a China.

Não está a haver controlo de passageiros provenientes da China. Porquê?

A evidência científica mostra que a verificação de passageiros nos aeroportos de entrada não se tem revelado efectiva a prevenir a disseminação de vírus.

Isto ocorre especialmente em casos em que a doença pode estar presente antes de haver sintomas desenvolvidos ou nos casos em que os sintomas são comuns a várias doenças.

É considerado mais eficaz fornecer informação aos passageiros sobre como devem proceder em cada país caso desenvolvam sintomas.

Pode-se receber cartas ou encomendas da China?

As autoridades de saúde indicam que é seguro receber encomendas e cartas, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objectos como envelopes ou pacotes.

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) destaca ainda que não há também evidências de contaminação de produtos alimentares importados para a União Europeia, nem casos reportados de transmissão do novo coronavírus através dos alimentos.

Contudo, há restrições e controlo à importação de animais vivos.

Qual o risco para cidadãos europeus?

O ECDC considera que existe, neste momento, uma probabilidade “moderada a elevada” de importação de casos nos países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE).

A probabilidade de transmissão secundária na região, desde que sejam cumpridas as práticas de prevenção e controlo de infecção adequadas, é tida como baixa.

© Luso-Americano/Agência Lusa
(Última actualização às 11:40 am de sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2020)