NEWARK. Aeroporto tinha apenas três controladores de tráfego aéreo em serviço em vez dos 14 previstos

O aeroporto Newark Liberty, em New Jersey – um dos três principais aeroportos que servem Nova Iorque – tinha apenas três controladores de tráfego aéreo em serviço na segunda-feira, muito aquém dos 14 exigidos, o que obrigou os reguladores da aviação a atrasar os voos de chegada até sete horas.

A escassez de controladores de tráfego aéreo, noticiada primeiro pelo New York Times, surge numa altura em que o aeroporto enfrenta um número crescente de problemas. 

Em pouco mais de uma semana, Newark sofreu três falhas de comunicação, deixando a torre de controlo incapaz de monitorizar ou comunicar com os aviões durante até 90 segundos.

A falha mais recente ocorreu na manhã de domingo, numa altura em que responsáveis governamentais e de companhias aéreas têm feito vários esforços para tranquilizar os passageiros quanto à segurança de voar de ou para o aeroporto.

Mas, na segunda-feira à noite, durante o turno das 15:00h às 22:00h, o grupo que gere o tráfego aéreo de Newark a partir de Filadélfia operava com apenas um ou dois controladores totalmente certificados, segundo a publicação – muito abaixo dos 14 acordados entre o sindicato dos controladores e os reguladores da aviação.

O secretário dos Transportes, Sean Duffy, afirmou na segunda-feira que uma nova actualização de software evitou que os problemas do dia anterior se agravassem, após as autoridades da aviação emitirem uma suspensão temporária das partidas, com duração de 45 minutos.

Redução da quantidade de voos

Num comunicado, a Administração Federal da Aviação (FAA) indicou que “abrandou brevemente a entrada e saída de aeronaves no aeroporto enquanto assegurava que os sistemas de redundância estavam a funcionar correctamente. As operações regressaram à normalidade.”

Esta declaração surgiu depois de Duffy anunciar planos para reduzir o número de voos a chegar e partir de Newark “nas próximas semanas” e que se reuniria com as principais companhias aéreas que operam no aeroporto para discutir os problemas. As reduções nos voos, disse, incidirão sobre os horários em que chegam voos internacionais.

Aumento da idade de reforma dos controladores

Duffy referiu ainda que pretende aumentar a idade obrigatória de reforma dos controladores de tráfego aéreo de 56 para 61 anos, para ajudar a colmatar a escassez de cerca de 3 mil controladores. 

Após a primeira falha em Newark, a 28 de Abril, o sindicato que representa os controladores anunciou que vários membros foram colocados em licença por trauma.

“Embora não possamos substituí-los rapidamente, devido à especialização exigida por esta profissão, continuamos a formar controladores que, eventualmente, serão colocados neste espaço aéreo exigente,” disse a FAA no início de maio.

Filadélfia pode ser a razão dos problemas

Os problemas em Newark parecem estar relacionados com fiação de cobre na Área C do Tracon de Filadélfia, que orienta os aviões que entram e saem do espaço aéreo de Newark. Tracon é o acrónimo de Terminal Radar Approach Control Facility (Instalação de Controlo de Aproximação por Radar de Terminal).

A FAA já instalou novas linhas de fibra óptica nos aeroportos de Newark, Kennedy e LaGuardia (Nova Iorque) para substituir os fios de cobre. No entanto, está previsto um período de duas semanas para testes antes da mudança definitiva para estas novas linhas.

Outros planos futuros e culpas

Duffy apresentou recentemente um plano abrangente para substituir o sistema de controlo de tráfego aéreo desactualizado do país, incluindo a instalação de 4.600 novas ligações de dados de alta velocidade e a substituição de 618 radares.

O mesmo culpou a administração Biden pelos problemas, alegando que houve falhas na transferência da gestão do espaço aéreo de Long Island para Filadélfia, um processo que descreveu como “mal conduzido”.

Um porta-voz de Pete Buttigieg, o secretário dos Transportes durante a presidência de Joe Biden, afirmou que Duffy “deveria passar mais tempo a fazer o trabalho para o qual os contribuintes americanos o pagam – resolver problemas – e menos tempo a culpar os outros.”

Contudo, os problemas estão a gerar ansiedade entre os passageiros. Centenas de voos foram atrasados no domingo no aeroporto Hartsfield-Jackson de Atlanta devido a um problema com equipamento de pista. No final de Janeiro, em Washington DC, um avião da American Airlines oriundo de Wichita colidiu com um helicóptero militar, provocando 67 mortos. O acidente mortal foi atribuído à falha do piloto do helicóptero em seguir as instruções dos controladores de tráfego aéreo.

Apesar dos problemas técnicos e da escassez de controladores em Newark, as autoridades tentam acalmar as preocupações dos passageiros.

“É problemático, mas o nosso compromisso é sempre com a segurança,” disse Duffy na segunda-feira. “Vamos garantir que, se voar, será em segurança. E se reduzirmos o número de voos em Newark, não o fazemos para incomodar as pessoas. Não o fazemos para atrasar as viagens. Estamos a fazê-lo para garantir a segurança.”

Por outro lado, o presidente da câmara de Newark, Ras Baraka, disse à MSNBC no domingo que os atrasos e cancelamentos de voos, embora incómodos, são um reflexo do foco na segurança.

“Ficaria preocupado se não estivessem a adiar e cancelar voos, tendo em conta a quantidade de perturbações que estamos a ver,” afirmou Baraka. Acrescentou ainda que ficou satisfeito por a administração Trump ter “abandonado” a ideia de culpar iniciativas de diversidade pelos problemas e por agora se compreenderem os problemas estruturais existentes, nomeadamente a necessidade de mais controladores de tráfego aéreo.

“Há aviões a mais no nosso espaço aéreo, francamente,” disse Baraka. “Precisamos de espaçar os horários entre as partidas e chegadas dos aviões. Precisamos de reduzir o número de voos até resolvermos esta situação. O facto de haver atrasos e cancelamentos deve-se ao facto de estarem a gerir isto dia a dia.”