NEWARK. Associativismo está a adaptar-se a novas realidades, mas ainda há trabalho a fazer – cônsul Luís Sequeira

Por HENRIQUE MANO | News Editor

Ao aproximar-se o final do ano de 2023, o cônsul-geral de Portugal em Newark, Luís Sequeira, falou ao jornal LUSO-AMERICANO sobre a importância do associativismo e da dinâmica comunitária para a manutenção do sentir português na sua área de jurisdição.

O diplomata representa a única área consular da chamada região tri-estadual (New Jersey, Nova Iorque e Connecticut) que já regista associações seculares – e são três: o Sport Club Português de Newark, o PISC (Portuguese Instructive Social Club) de Elizabeth e o Portuguese Sporting Club de Perth Amboy. Luís Sequeira esteve mesmo nos festejos do centenário deste último, em representação do estado português.

O que sugere a questão: que mais poderão estas agremiações fazer para que não desapareçam nas próximas décadas, face à redução da emigração em massa e à absorção da sociedade americana das novas gerações?

“Há a concorrência de outras actividades, os jovens gostam de dançar, de ouvir música noutros sítios que não os clubes tradicionais”, observa Luís Sequeira. “As pessoas já não se juntam tão frequentemente como no passado para celebrarem as festas portuguesas, vão a outros sítios, e de facto há uma diminuição da adesão dos membros às actividades dos clubes e uma menor disposição para se ser voluntário. Para mim são de facto os dois factores determinantes”.

No entanto, o cônsul-geral também alimenta uma óptica mais optimista: “agora, o que vejo, é que há clubes que são capazes de atrair os mais jovens. Eu assisto, vou aos aniversários, vou às festas dos clubes, e vejo, nalguns casos, crianças a brincar, estão com os adultos a festejar e há outros clubes em que não vejo isso. E, portanto, isso faz a diferença quanto à capacidade de regeneração e rejuvenescimento de uns clubes e de outros”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Cônsul-geral de Portugal em Newark, NJ, Luís Sequeira

Cita a aprendizagem do português, através das chamadas escolas de herança, como um veículo importante de dinamização da vida associativa. “A escola é um catalizador para as novas gerações?

Sem dúvida, sem dúvida. E o facto de este clube [Portuguese Sporting Club] ter uma escola portuguesa, a ‘Nova Esperança’, ajuda muito a trazer os mais jovens para o clube. É o caso também da ‘Luís de Camões’, da escola do PISC, que estão muito bem organizados; portanto, esses clubes com escolas, onde as crianças ganham esse hábito regular de ir ao clube, para frequentar as aulas, depois acabam por participar noutras actividades que o clube possa organizar”.

Os clubes, nota, a finalizar, “têm é de pegar nesse factor – a presença regular de jovens e crianças para participarem nas aulas, para organizarem outras actividades e trazer essas crianças para dentro do clube”.