NEWARK. Famílias de bombeiros que morreram em incêndio no porto vão pedir indemnização e julgamento com júri

As famílias dos dois bombeiros de Newark, no estado de New Jersey, que perderam a vida no verão do ano passado a combater um incêndio no Porto de Newark, avançaram com uma acção em tribunal procurando compensação monetária de 50  milhões de dólares em prejuízos de vária ordem e ainda um julgamento com júri.

Um dos dois “saldados da paz” era o luso-americano Augusto (“Auguie”) Acabou, filho de emigrantes da Murtosa e pertencente a uma família que tem ainda outro membro em carreira de serviço público (nomeadamente na polícia); o outro bombeiro era Wayne “Bear” Brooks, residente em Union.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O emotivo funeral do bombeiro luso-americano Augusto Acabou, na Catedral de Newark

De acordo com a estação televisiva ABC, o advogado que representa as duas famílias – Mark Apostolos – confirma que a acção em tribunal em nome das famílias Acabou e Brooks deu mesmo entrada na justiça na quinta-feira.

O processo movido pelas famílias dos bombeiros, que pereceram no exercício nas suas funções, visa a cidade de Newark, o departamento de Bombeiros, a Autoridade Portuária e outros – alegando que as suas mortes poderiam ter sido evitadas.

O bombeiro Wayne Brooks

O bombeiro Augusto Acabou

Uma investigação inicial da Guarda Costeira concluiu que os bombeiros de Newark tinham treino limitado para acções marítimas, apesar de terem como missão intervir em incêndios na área portuária.

“Se eles derem tudo de si, perdemos tudo”, afirmou a esposa de Brooks, Michele Brooks. “Eu simplesmente não posso descansar sabendo que não fizemos tudo o que podemos para fazer algumas mudanças para que isto nunca mais se repita”.

As investigações preliminares da Guarda Costeira também concluíram que o incêndio no cargueiro italiano Grande Costa d’Avorio teria começado no interior de um Jeep utilizado para empurrar veículos velhos para o interior da embarcação.

“O incêndio nunca deveria ter começado”, notou o advogado das famílias, Mark Apostolos. O Jeep nunca deveria ter sido utilizado para aquela tarefa, uma vez que trabalhadores do cargueiro adiantaram a investigadores federais que o veículo tinha problemas de “sobreaquecimento”.

Assim que os bombeiros chegaram, perceberam que seria difícil a comunicação uns com os outros. Um bombeiro descreveu a comunicação por rádio como “horrenda”.

“A meu ver, foram décadas de negligência que levaram a esse incêndio”, afirma Edward Kelly, presidente da Associação Internacional de Bombeiros.

As autoridades municiais de Newark recusaram-se a falar à reportagem da cadeia ABC no que toca a possíveis mudanças que possam ou não ter sido feitas na forma como funcionam os bombeiros, alegando a investigação em curso.

Já a Autoridade Portuária fez publicar a seguinte nota: “O trágico incêndio a bordo do Grande Costa d’Avorio evidencia a necessidade imperiosa de todos os intervenientes reverem os protocolos de emergência que têm estado em vigor nos últimos 20 anos. Como parte dos esforços para actualizar esses protocolos, estamos em diálogo robusto com parceiros federais, estaduais e locais para o estabelecimento de padrões governamentais de segurança contra incêndios para permitir que todas as partes interessadas do porto se preparem para futuras emergências deste tipo”.