NEWARK: ICÓNICA LOJA PORTUGUESA VAI DEIXAR A FERRY STREET (MAS NÃO O IRONBOUND)
Por HENRIQUE MANO | News Editor | Newark, NJ
Uma das presenças comerciais portuguesas mais antigas do Ironbound, a loja de móveis e artigos para casa “Leslie Furniture”, vai encerrar o seu icónico estabelecimento no número 206 da Ferry Street (onde está desde 1975) e consolidar as suas operações no espaço 93 da Ferguson Street, que tem, desde há muito, servido de armazém.
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Fachada da Leslie Furniture: há meio século na Ferry Street
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Os proprietários (e irmãos) Jack e Manuel Guerra
Foto: CORTESIA FAMÍLIA GUERRA | Veículo de transporte de mercadoria da Leslie Furniture em frente à loja, nos anos 1990
A informação foi avançada em primeira mão ao jornal LUSO-AMERICANO por um dos proprietários da loja, o empresário Joaquim “Jack” Guerra.
“Vamos reestruturar o negócio e fazer da Ferguson armazém, loja e mostruário”, explica Jack Guerra. “Estamos na idade da reforma, apesar de ser difícil de reconhecer, e há que passar a ‘Leslie Furniture’ para as novas gerações”.
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Shawn Guerra representa a nova geração da família. O director de operações da Leslie Furniture vai comandar o negócio na sua nova fase
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Shawn Guerra e o pai, Jack Guerra, no interior do mostruário-armazém onde vai ser consolidado o negócio de família
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Interior do mostruário-armazém onde vai ser consolidado o negócio de família
O estabelecimento, onde largas centenas de famílias de emigrantes portugueses mobilaram as suas casas, tanto as dos EUA como as que adquiriram ou mandaram construir do outro lado do Atlântico, passará muito em breve para as mãos do seu actual director de operações, Shawn Guerra – filho de Jack Guerra e sobrinho do co-proprietário Manuel Guerra.
“Vamos ajudar naquilo que pudermos, mas passaremos para segundo plano”, nota Jack Guerra. “Ele implementará novas ideias e modernizará as lojas. Estamos completamente satisfeitos com aquilo que fizemos até hoje”.
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Aspecto do balcão de atendimento na loja da Ferry Street, que vai encerrar. É o fim de uma era
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Os proprietários Manuel e Jack Guerra com o funcionário John Silva, no interior da loja na Ferry Street
Foto: JORNAL LUSOI-AMERICANO | Loja do ano em New Jersey, em 1996
A ‘Leslie Furniture’ continua a oferecer um leque muito variado de mobiliário, artigos de decoração e objectos para o lar – “uma loja onde se encontra de tudo para casa”, garante o luso-americano Shawn Guerra, que, tal como já o avô fizera, há muito trabalha para o negócio de família – representando a 3.ª geração Guerra.
De acordo com os seus proprietários, a ‘Leslie’ da Ferry deve encerrar portas “em finais de Março, princípios de Abril. Depois, aos poucos”, afirma Jack Guerra, “iremos remodelando o espaço da Ferguson, tornando-o mais atractivo e funcional”.
Para o luso-descendente Shawn Guerra, “é muito excitante e desafiador para mim poder tornar-me o rosto deste negócio que faz parte da memória colectiva da nossa comunidade. Vou dar o meu melhor para que a ‘Leslie’ continue a ser a loja de eleição e corresponder à fidelidade dos nossos clientes”.
Os Guerra viram mesmo a sua loja receber em 1996 o “Paul E. Gallagher Retailer of the Year Award”, para além da ‘Leslie’ ter servido também como um dos locais de filmagens da película “Guerra dos Mundos”, de Steven Spielberg, com o mega-astro Tom Cruise a percorrer as ruas do bairro português de Newark.
A loja teve ainda presença durante alguns anos na Polk Street, com um mostruário para o segmento de luxo onde atendia decoradores.
No espaço hoje ocupado na Ferry Street, abrirá um escritório familiar de advogados.
“Tive a felicidade de poder viver os melhores momentos da minha mocidade com a emigração portuguesa em alta no Ironbound”, afirma Jack Guerra, natural da Torreira e hoje com 66 anos bem vividos.
O emigrante português radicou-se nos EUA em 1967 e começou a trabalhar para a então ‘Leslie Slipcovers’ em 1972, em sistema part-time, depois das aulas. Três anos depois, em sociedade com o irmão e o cunhado Fernando Grilo, tornar-se-iam proprietários da mesma.
“Nós não vamos desaparecer”, garante, “e vamos continuar a servir a comunidade”.