NEWARK. Líderes associativos aguardam 2024 com ansiedade e queixam-se da falta de voluntários

Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ

O jantar de Natal da União de Clubes Luso-Americanos de New Jersey teve lugar no salão da Casa do Minho, em Newark, com a presença de cerca de 30 pessoas. Para além do anfitrião, o Presidente Fernando Grilo, também marcaram presença o cônsul-geral Luís Sequeira, a vice-‘mayor’ de Newark Lígia de Freitas, o vereador Michael Silva e a representante do ‘mayor’ Ras Baraka no Bairro Leste, Annie Ferreira.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O numeroso grupo de figuras presente

Durante a noite, falámos com algumas das figuras presentes ao convívio sobre o actual estado do movimento associativo luso-americano em New Jersey e sobre perspectivas para 2024.

Anthony da Silva, responsável pelo grupo de motards Iron Riders, do Ironbound, que detém estatuto de organização sem fins lucrativos, diz que o importante, “como grupo de irmandade que somos, é que em 2024 possamos continuar com a nossa amizade. E mesmo para além do novo ano”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O Presidente Fernando Grilo dirigindo-se aos presentes

Silva lamenta o facto de já não ser fácil “atrair os nossos filhos a fazer o mesmo, a juntarem-se a nós e a fazerem-nos companhia para garantir a continuidade do Iron Riders”, diz.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A intervenção do cônsul-geral Luís Sequeira

O grupo existe, nota o motard murtoense, que vive há 40 anos nos EUA, “não apenas pelo convívio, mas também pela faceta humanitária. Fazemos passeios de mota, almoços e jantares para angariação de fundos para causas das mais diversas e temos cumprido com essa missão. É por isso que existimos, estamos aqui para ajudar a comunidade”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O vereador Michael Silva no uso da palavra

Abílio Timóteo, responsável pelo Rancho Folclórico “A Eira” (agora afecto ao Centro Romeu Cascaes, de Harrison), pede que haja vontade para não deixar morrer o folclore português em New Jersey. “Depois da COVID-19, que parou tudo, agora estamos a renascer”, afirma. “Espero que 2024 seja um ano muito bom para todos e que o folclore não esmoreça na nossa comunidade; muitos jovens afastam-se, porque a vida profissional ou académica já não o permite. Espero que os filhos deles se integrem também, temos folclore há 50 anos neste estado de New Jersey, e ele sempre brilhou”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A vice-‘mayor’ Lígia de Freitas e a assistente do ‘mayor’ para ao Bairro Leste, Annie Ferreira

Quem também sabe o que é fazer sacrifícios pela comunidade, é Matilde Rebelo, há 6 anos Presidente do Centro Cultural Os Serranos USA. Sem perspectiva de deixar o cargo, Rebelo apela a todos que se envolvam: “jovens, menos jovens, precisamos de voluntários. Não desistam das nossas tradições nem da nossa cultura, nem virem as costas aos jovens”.

O cabo-verdiano José Lima, há 5 anos à frente do Lar dos Leões de New Jersey, faz eco da mesma mensagem e apela à “união entre todas as nossas associações. Ainda não decidi se me recandidato, mas vou continuar a ajudar como puder. Faltam-nos voluntários, somos poucos, uns 4 ou 5, sempre os mesmos. Não podemos deixar esmorecer este clube, que tem 50 anos de história e aposta no desporto e na juventude”.

A situação na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro traduz o mesmo sentimento: ausência de sócios e voluntários. “As nossas associações estão a passar por um momento um pouco difícil”, reconhece Jorge Pereira, o emigrante de Chaves à frente desta organização. “Os fundadores destes clubes estão a sair de Newark e vai-se tornando complicado mantê-los abertos e activos”.

Manuel Pereira, natural de Ponte da Barca, tem o Rancho Folclórico “Barcuense” a seu cargo e espera que 2024 “seja pelo menos como este ano, que não foi muito mau. Vou manter-me no cargo até que alguém se ofereça” e, nessa altura, passa a pasta. “Afinal, já são 40 anos ligado ao folclore português na América”.