NEWARK, NJ: DESAPARECE MAIS UM ICÓNICO RESTAURANTE PORTUGUÊS NA FERRY STREET

Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ

A Ferry Street está mais pobre.

No dia 4 de Junho, domingo, o ‘Ibéria Tavern & Restaurant’ serviu a sua última refeição. Desaparece assim, 49 anos depois sob a mesma gerência, um dos mais icónicos espaços de restauração do Ironbound, por onde passaram todos os nomes sonantes da política de Newark e de New Jersey e até de Portugal (incluindo a fadista Amália Rodrigues).

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Ilda Loureiro e Jorge Fernandes, os últimos proprietários do restaurante ‘Ibéria’, com artigos do jornal LUSO-AMERICANo sobre o popular restaurante

O espaço e o nome ‘Ibéria’ são ainda mais antigos, tendo sido aberto por um emigrante português de nome José César em 1926 – após a abolição da chamada Lei Seca nos EUA (de acordo com um artigo do jornal LUSO-AMERICANO de 1942).

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada do ‘Ibéria’ na Ferry Street, agora encerrado

Em 1974, o emigrante minhoto João Loureiro, natural de Vila Nova de Cerveira, em sociedade com o irmão, comprou a propriedade de 5 acres de terreno; mais tarde, o açoriano Manuel Pimentel compra parte da sociedade que, posteriormente, e pouco depois, é vendida a Jorge Fernandes, natural de Ponte de Lima. Quando, em 2020, em plena pandemia de COVID-19, João Loureiro falece, a sua parte da sociedade passa para a esposa Ilda Loureiro que, juntamente com Jorge Fernandes, tem gerido o negócio desde então.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O recheio do restaurante vai a leilão

A venda final da propriedade de 5,2 acres, que inclui dois quarteirões, foi feita no final do mês de Maio, adiantaram os ainda proprietários ao jornal LUSO-AMERICANO; o novo dono do terreno é o grupo Sinai Equity Group, de Brooklyn, NY, que poderá ter pago de 40 a 50 milhões de dólares pela propriedade (de acordo com uma fonte do Ironbound ligada à imobiliária contactada pelo jornal LUSO-AMERICANO; Loureiro preferiu não revelar a quantia exacta).

“Temos 60 dias para limpar estes terrenos e vamos fazer um leilão público do recheio do restaurante”, afirma Jorge Loureiro.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O ‘Ibéria’ numa edição de 1942 do jornal LUSO-AMERICANO

O projecto que se acredita estar a ser desenvolvido para o local, incluirá a construção de 2500 apartamentos e algum espaço comercial – o que fará do mesmo o maior do Ironbound. “Penso ser algo positivo para o Ironbound”, opina Fernandes. “Não se pode parar o progresso. As coisas mudam e esta comunidade não é excepção.”

A inflação “e a falta de mão-de-obra na restauração” são factores que também contribuíram para a venda do “Ibéria”, reconhece o empresário de 77 anos que agora se vai reformar. “Na altura em que tivemos os dois restaurantes, chegámos a dar trabalho a 150 pessoas e, nessa altura, o ‘Ibéria’ era lucrativo.”