NEWARK: O que têm moradores, comerciantes e figuras comunitárias a dizer aos candidatos a vereador?
Por HENRIQUE MANO | News Editor
No dia 14 de Junho, o eleitorado do Bairro Leste é chamado novamente às urnas para a segunda volta das eleições municipais. Em jogo, estará a importante eleição do novo vereador da zona para o Conselho Municipal de Newark – cargo que o português Augusto Amador ocupa há 24 anos.
Mas que esperam que se faça aqueles que vivem ou investem no Ironbound nesta nova era política que se vai iniciar?
Helena Vinhas, à parte presidente da direcção do Sport Club Português, é residente no bairro e tem um estabelecimento na Ferry Street. Sabe bem quais são os desafios que enfrentam os moradores da região. E nomeia: “Segurança, limpeza, moradores de rua, estacionamento.” Avisa, contudo, que a caminhada para a qualidade de vida no Ironbound deve começar pelo dever cívico de cada um.
“Não podemos estar à espera que o novo vereador vá arranjar maneira de apanhar o lixo de todas as ruas. Temos de ser nós, que aqui vivemos, e aqueles que nos visitam, de dar o exemplo e não atirar lixo para o chão. Nós próprios, se virmos lixo no chão, ter a iniciativa de o apanhar e colocar no caixote mais próximo.”
Helena Vinhas acredita que o novo vereador deverá, sim, criar mecanismos para que a limpeza das ruas seja mais eficiente, mas cabe aos cidadãos fazer a sua parte: “Temos de ter orgulho da cidade onde vivemos. Quanto ao crime”, opina, “vai ser importante trabalhar com o ‘mayor’ e as restantes estruturas competentes, com o director de segurança pública, para que haja mais policiamento no Ironbound, mantendo as nossas ruas mais seguras.”
A segurança também está no topo das preocupações do empresário português Luís Almeida, há 30 anos proprietário do conhecido Supermercado Emporium, na Wilson Avenue. “É mesmo o aspecto mais importante para mim”, observa. “Tenho notado que, nestes últimos anos, tem havido mais assaltos, mais roubos e uma certa insegurança. Tenho uma filha que há 6 meses mora no Ironbound e eu, apesar de aqui não viver (mas tenho imóveis e negócio próprio), preocupo-me bastante com isso.”
A questão da limpeza de ruas, na sua óptica, também não é de agora – “é mesmo anterior à pandemia. De há uns 5 anos a esta parte que a limpeza não é o que ear antes, sobretudo porque os residentes não estão a aderir a certas regras de comportamento social, como pôr o lixo nos caixotes.”
Para a empresária Isabel Cardoso, proprietária da loja ‘Lorczak’s’, na Ferry Street, a falta de estacionamento é o que mais a aflige. “É mesmo aquilo de que nós, comerciantes, precisamos agora muito”, aponta. “É muito importante para quem tem estabelecimento no Ironbound, para que as pessoas nos possam visitar e fazer compras sem aquele receio de levarem uma multa ou terem as suas viaturas rebocadas.”
Cardoso, que é dona da loja há 25 anos, apesar de já lá trabalhar há 45, diz ainda “ver-se muito lixo por aí. A Ferry está um bocado diferente do que era. Queremos a nossa Ferry como era, tinha sempre polícia a andar para coma e para baixo; entravam nas lojas, perguntavam se precisávamos de alguma coisa, se estava tudo bem. Sentíamo-nos seguros e apoiados.”
Quem também conhece a ‘Portugal Avenue’ como a palma das suas mãos, é Manny Lopes, proprietário da casa de ferragens ‘Lopes & Sons’. Sobre o próximo vereador, afirma: “Quem vem, que venha por bem – como se diz na minha terra. Vamos entrar numa nova era, por isso vamos esperar melhores tempos para todos nóis, comerciantes, residentes, visitantes. A verdade é que o próximo vereador terá de fazer alguma coisa pelo Ironbound e, juntos, seremos grandes. Porque, na verdade, isto está um bocado abandonado e dá-me a impressão que está a ficar pior. Hoje mesmo testemunhei aqui na Ferry uma cena de roubo.”
O também presidente do IBID, associação de comerciantes do Ironbound, toca na ferida para lembrar que, “em campanha, os políticos prometem tudo e mais alguma coisa. Depois, quando chegam ao poder… Não precisamos que façam tudo o que prometeram, mas queremos que façam alguma coisa daquilo que prometeram.”
ELEIÇÕES
No dia 10 de Maio, num ritual de cidadania que já se cumpre há 36 anos, a portuguesa Ana Vieira saiu de casa para votar – acompanhada pelo marido. Ambos estão cientes da importância que as eleições locais têm e querem ter uma palavra a dar na escolha do próximo vereador pelo Bairro Leste.
“Votamos sempre, é o nosso dever, é um dever cívico”, afirma Ana Vieira, natural da Murtosa, à reportagem do jornal LUSO-AMERICANO.
Este ano, a ida às urnas foi um tanto atribulada. Pensado pertencerem à mesa de voto instalada no Clube Açores, uma vez lá descobriram que, dadas as remodelações distritais no bairro, teria mesmo de votar noutro local.
“Afinal, não estávamos aqui inscritos”, conta.
O marido acrescenta: “Primeiro votávamos na Barber Street, depois transferiram-nos para aqui e agora estamos na Somme Street, junto ao parque da Market.”
O que não demoveu o casal Vieira do seu dever cívico de votar. Como, aliás, deve ser.
MARTA ANTUNES
Sign para o jkomnathan em frente ao clube Açores
Voluntária
37 anos no iromnbouhnd