NEWARK. RKO Proctor Palace pode ser restaurado e transformado em apartamentos residenciais
No início de 1900, Newark tornou-se um destino importante para o público de ‘vaudeville’ – estilo de peça de teatro francês, que juntava uma grande variedade de tipos de entretenimento, como situações cómicas, música, dança ou diálogos, podendo envolver até animais.
Um dos locais mais importantes na cidade foi o RKO Proctor Palace, estando em curso planos para restaurar parcialmente este marco.
Durante décadas, os habitantes de Newark passaram por este edifício, localizado na Market Street, e interrogaram-se se as décadas de abandono significariam a ruína, como aconteceu com tantos outros edifícios históricos da cidade. O auditório do Paramount Theatre, que remonta a 1886, colapsou recentemente.
Dave Robinson, director da SUAD, disse que, apesar da desocupação do edifício desde a década de 1960, a sua condição robusta é em grande parte creditada à impermeabilização da propriedade pelo antigo proprietário ao longo dos anos.
“Ajudou a salvar os alicerces, o reboco e todo o aço que está aqui”, disse Robinson.
Robinson, cujo gabinete de arquitectura sediado em Newark está a supervisionar o projecto, apresentou à Comissão de Marcos e Preservação Histórica, os planos para transformar o edifício de nove andares no n.º 114 da Market Street, numa torre de apartamentos de 38 unidades. O projecto foi aprovado.
O restauro inclui apenas o átrio do teatro e os pisos superiores que serviam para escritórios, e a cobertura, que serviu de cinema para 1.400 lugares. O auditório principal do Proctor Palace, localizado atrás do edifício da Market Street, é um terreno separado. Actualmente não existem planos para esse edifício. A cidade, que detinha a propriedade traseira até 2015, quando foi vendida a David, Abraham, and Associates, disse que o teatro teria de ser demolido.
Quando o Proctor Palace foi inaugurado em 1915, um repórter do Newark Evening News considerou-o “um dos mais belos templos de diversão do país”. Isso foi um grande elogio.
O distrito teatral Four Corners da cidade estava a competir com Manhattan, onde o proprietário Frederick Freeman Proctor dirigia três outros teatros – na 23rd Street, 58th Street e 125th. Em Newark, o Proctor Palace competiu com locais próximos, como o Empire Theatre e o H.C. Miner’s Newark Theatre, que se tornou o Paramount Theatre em 1921.
Em 1922, existiam cinco salas de ‘vaudeville’ na cidade. Proctor, foi vice-presidente do United Booking Office of America, o que lhe permitiu conseguir alguns dos melhores artistas do país.
No dia da inauguração, o teatro contava com dois auditórios, o maior com 2.800 lugares e outro na cobertura com 1.400 lugares. O edifício tinha ainda salas para fumadores, salões de chá, um restaurante e uma cervejaria no subsolo.
Além de entretenimento musical e comédia, o ‘Vaudeville’ oferecia entretenimento semelhante ao circo, incluindo “espectáculos paralelos”. Numa noite de 1927, o programa do espectáculo incluía Jean Eugene – que era metade homem e metade mulher – um dançarino de espadas e um homem com 2,5 metros de altura.
O ‘vaudeville’ foi uma transição natural para o dono do teatro, que foi artista de circo na sua juventude. Na verdade, Jonathan Ringling, da Ringling Brothers, terá sido o responsável “por carregar o caixão” do Proctor no seu funeral.
Em 1929, ano da morte de Proctor, vendeu todos os seus teatros à Rádio Keith Orpheum, daí a mudança de nome para RKO Proctor. À medida que a popularidade do ‘Vaudeville’ diminuía nas décadas de 1930 e 1940, estes teatros foram adaptados para cinemas.
Robinson disse que a sua empresa está a trabalhar na criação de um mural no átrio que homenageie a história do ‘vaudeville’ e do cinema do edifício. Poderia ter exibições digitais de filmes mudos juntamente com lugares reais de cinema que seriam acessíveis ao público.
O promotor por trás do projecto, a Reset Capital, que comprou a propriedade no início deste ano, já está a tentar obter licenças de construção, disse Robinson.
“Ao contrário de muitos projectos que levamos aos conselhos directivos, este proprietário é muito agressivo”, Robinson. “Já compraram as propriedades e querem que obtenhamos licenças de construção para amanhã.”
A Reset Capital planeia restaurar um ‘brown-stone’ próximo de três andares localizado no n.º126 da Market Street, que também obteve a aprovação da Comissão de Marcos na reunião de Dezembro.
“Há décadas que ando por esta secção da Market Street e estes edifícios, muitos deles estão em mau estado”, disse Myles Zhang, membro da Comissão de Marcos. “E é maravilhoso ver um deles regressar porque acho que abre um precedente para o que acontece noutras partes de Newark.”