NEWARK | Rutgers ordena a que manifestantes terminem com acampamento

Depois de 3 semanas, a administração da Universidade Rutgers em Newark, ordenou a que alunos, professores e membros da comunidade a participar na manifestação pró-Palestina, acampados no ressinto da instituição, se retirassem daquele local. No entanto os manifestantes já disseram não ir a lado nenhum até que as suas “demandas sejam atendidas”.

No início deste mês, foi criado um “campo de solidariedade para com Gaza” em frente à Rutgers Law School em Newark, onde tendas foram montadas e bandeiras palestinas levantadas em protesto contra o aumento do número de mortes e sofrimento humano no Médio Oriente

Outro protesto pró-Palestina surgiu recentemente no campus da mesma universidade, só que em New Brunswick. Os alunos participantes concordaram em terminar voluntariamente a sua manifestação sem acção policial ou detenções ocorridas, e a Rutgers concordou em atender a algumas de suas exigências, embora momentos de tensão alta tivessem sido sentidos por vezes.

Enquanto o protesto em New Brunswick foi controlado e terminado em uma semana, o acampamento em Newark, iniciado a 1 de Maio, dura há mais tempo.

Os organizadores estudantis em Newark disseram que, embora Rutgers finalmente tenha concordado com várias das exigências feitas em New Brunswick, dois dos seus principais pedidos – abandono de investimentos a empresas que apoiem Israel nesta guerra e o término do relacionamento entre a Rutgers e a Universidade de Tel Aviv – permanecem não concedidos.

Os organizadores, comprometeram-se a não terminar com o acampamento até que essas duas condições sejam atendidas, para além daquelas apenas exigidas por si e especificas à cidade de Newark. Entre estas estão: mensalidades gratuitas e perdão de todas as dívidas pendentes de empréstimos estudantis a todos os residentes de Newark; fornecimento de serviços jurídicos pro-bono, através da Rutgers Law School, para todos os residentes de Newark que ganhem menos de $50 mil e que tenham uma família unifamiliar; oferecendo serviços de saúde gratuitos aos residentes locais através das Rutgers Medical and Dental Schools; e o “reinvestimento” na comunidade, utilizando três propriedades da universidade para fornecer moradias gratuitas.

Em uma mensagem à comunidade compartilhada a 2 de Maio, a chanceler da instituição Nancy Cantor, defendeu que “precisamos falar do que nos vai na mente e defender as nossas perspectivas. É essencial que façamos isso com a empatia humana básica e respeito um pelo outro — por outras palavras, pacificamente”.

“A Rutgers-Newark é um lugar destaca com orgulho a sua própria história de protesto, que nos moldou como uma das universidades mais diversificadas do país, e na instituição âncora na cidade de Newark, que somos hoje, juntando-se a muitos parceiros para promover a equidade racial e o crescimento equitativo”, escreveu.

“Mesmo que nos estejamos a aproximar da época de exames finais, reconhecendo como é importante para todos evitar interrupções nesta fase culminante de seu ano de trabalho árduo, continuaremos a salvaguardar o protesto pacífico como um aspecto fundamental de nossa identidade institucional”, acrescentou ainda.

A Newark Solidarity Coalition tinha anunciados que negociações estavam em andamento, mas a administração da universidade recusou-se a ceder às exigências. Isto foi considerável como inaceitável, segundo os mesmos.

Desde então, a ocupação do campus continuou, com os organizadores a compartilhar uma visão do mesmo na sua perspectiva, através das redes sociais.

Desenvolvimentos recentes podem significar que as tensões estão prestes a aumentar novamente.
Na terça-feira, o vice-chanceler sênior de Assuntos Públicos e chefe de gabinete, Peter Englot, escreveu um e-mail aos manifestantes, dizendo-lhes que precisam arrumar suas tendas e sair dali.

Englot não mencionou um prazo específico para acabar com o protesto, nem mencionou possíveis acções punitivas para aqueles que se recusarem a abandoná-lo, no entanto, deu como razão para finalizar esta manifestação, os futuros eventos do fim do ano académico, que se aproximam e que serão realizados na New Street Plaza (local do acampamento).

A mensagem compartilhada não caiu bem aos manifestantes estudantis, que responderam com um “não”.

“Respondemos à [administração] e avisámos que mais de 35.000 pessoas foram mortas a sangue frio desde 7 de Outubro”, começou por declarar a Aliança Solidária acampada em Newark, acrescentando que por isso “é impossível para nós ‘sair agora’”.

“A gravidade e o imediatismo das questões que estamos a tentar abordar ao permanecer-mos acampados estão passar-vos ao lado”, prosseguiram com a sua explicação.

“Como vocês, estamos ansiosos pela conclusão pacífica do nosso acampamento”, continuaram, finalizando com: “Estamos a dormir ao ar livre em tendas há semanas, enquanto vocês têm o privilégio de voltar ao conforto das vossas próprias casas. Sentimos falta da nossa família e amigos e das vidas a que esperamos voltar na conclusão bem-sucedida destas negociações”.