O Homem

por LUIS PIRES

A comunicação social é, por sua vez, acriticamente seguida por legiões de patetas que garantiram que Trump é o diabo em pessoa. Primeiro, ia começar a 3ª guerra mundial. Depois, ia instalar uma ditadura nos EUA. Por fim, recusar-se-á a sair da Casa Branca, caso perca as eleições, e para lá caminha.

E por quê? Por que é que Donald Trump nunca beneficiou de um segundo de tranquilidade para fazer aquilo para que os norte-americanos democraticamente o mandataram: ser o presidente dos EUA durante quatro anos? Por que é que temos de aturar, toneladas de comentadores televisivos a garantirem-nos a perfídia do homem, a colocar em causa a genialidade de Biden e a lembrarem-nos que os EUA têm a obrigação moral de se verem livres do homem?

São muitas as respostas possíveis e várias as que concorreriam para uma conclusão final abrangente e satisfatória. Por mim, sobre Trump, interessa-me apenas o essencial: que esta Administração republicana reduziu, substancialmente, a conflitualidade internacional que Obama nos deixou; que praticamente acabou com o clima de guerra fria com a Rússia que Obama criara; que começou a conter um Irão transformado em potência regional pela invasão do Iraque e pelas políticas mantidas no Médio Oriente pelas anteriores Administrações; que foi provavelmente o único presidente americano dos últimos cem anos que não iniciou um único conflito militar; que a economia americana recuperava e crescia a olhos vistos até ao início da pandemia, graças a políticas públicas inteligentes de redução de impostos sobre as empresas e as pessoas; que obrigou o expansionismo económico chinês a negociar e a acalmar-se; Só conta o facto do homem ser o diabo em pessoa e ser um imperativo moral e humanitário removê-lo do poder. Não me lembro de um fenómeno de cretinismo de massas com esta dimensão. Agora será a vez de Biden e Harris provarem que podem fazer melhor, senão daqui a 4 anos vão ter de se haver com o eleitorado que já não perdoa.