OIM considera inútil prolongar detenção de migrantes em Itália
O prolongamento do tempo de detenção de migrantes irregulares que chegam a Itália para 18 meses, medida recentemente aprovada pelo Governo italiano, é “completamente inútil”, defendeu a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“A detenção por 18 meses já foi implementada há 10 anos na Itália e revelou-se inútil”, disse o porta-voz da OIM para o Mediterrâneo Central, Flávio di Giacomo, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
O Governo italiano, liderado pela primeira-ministra de extrema-direita Giorgia Meloni, aprovou na segunda-feira (18) o prolongamento do tempo durante o qual os migrantes têm de ficar detidos para tratar dos documentos, passando de 135 dias para 18 meses, período máximo permitido pela União Europeia (UE).
O executivo decidiu ainda abrir mais centros de repatriamento, na sequência daquilo que considerou ser uma nova crise migratória devido à chegada à ilha de Lampedusa (sul) de mais de 10 mil pessoas em 3 dias.
“Prolongar a presença dos migrantes nestes centros não leva a nada, porque não são necessários 18 meses para tratar dos procedimentos necessários. Se houver vontade, faz-se quase de imediato, se não houver vontade e cooperação das embaixadas dos países de origem, não é feito nem em quatro anos”, explicou Flavio di Giacomo.
“Esta é uma medida muito cara para os cofres do Estado e não produz qualquer efeito prático”, acrescentou.
Desde o início deste ano, já desembarcou em Itália cerca de 130 mil migrantes, mais do dobro do número de chegadas registado no mesmo período no ano passado (68 mil) e o triplo em comparação com 2021 (43 mil), de acordo com os dados actualizados pelo Ministério do Interior italiano.
Segundo o porta-voz da OIM, “o número de chegadas não é assim tão alto”, já que fica “muito abaixo dos 515 mil que chegaram a Itália em 2015/2016 e nem se compara com os quase 1,8 milhões que chegaram à Grécia em 2015”.
Para Flavio di Giacomo, “a grande diferença em relação a 2016 é que, (nesse ano), apenas 8% foram para Lampedusa” face aos 70% este ano, pelo que considera que “não se pode falar de uma emergência em Itália ou na Europa em termos numéricos”, mas sim em termos logísticos porque Lampedusa é uma ilha muito pequena.
A presidente da Comissão Europeia, Ur- sula von der Leyen, visitou no domingo (17) a ilha de Lampedusa, com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.