OLÍMPICOS DE TÓQUIO: Ouro, prata e 2 bronzes são melhor resultado de sempre
O ouro de Pedro Pichardo no triplo salto, que deu também prata a Patrícia Mamona, e os bronzes do judoca Jorge Fonseca e canoísta Fernando Pimenta em Tóquio2020 dão a Portugal o melhor resultado de sempre em Jogos Olímpicos.
O registo bate Los Angeles 1984, que coroou Carlos Lopes e rendeu bronzes para Rosa Mota e António Leitão, e Atenas2004, com duas pratas (Sérgio Paulinho e Francis Obikwelu) e um bronze (Rui Silva), e é o primeiro em que Portugal chega aos quatro pódios numa só edição.
O melhor pecúlio luso em Jogos cumpre-se precisamente dado este quinto ouro nacional, atingido ontem no triplo, depois de Carlos Lopes (1984), Rosa Mota (1988), Fernanda Ribeiro (1996) e Nelson Évora (2008), que curiosamente se despediu nesta prova.
Na capital nipónica, o primeiro a chegar ao pódio foi Jorge Fonseca, conseguindo a terceira medalha para o judo, e seguiu-se Patrícia Mamona, com a prata num salto de 15,01 metros, novo recorde nacional, seguindo-se o canoísta Fernando Pimenta, no K1 1.000 metros, com um bronze que o colocou entre o restrito lote de ‘multimedalhados’ lusos.
Agora, foi o atleta do triplo salto, que bateu o recorde nacional com o terceiro ensaio, para 17,98 metros, resultado mais que suficiente para dominar o resto dos finalistas, que não se aproximaram verdadeiramente de uma luta pelo ouro.
Antes, Atenas2004 tinha rendido três medalhas, segundo e último ‘hat-trick’ da comitiva portuguesa até ontem.
Sérgio Paulinho pasmava o mundo do ciclismo com a prata na prova de fundo de estrada, enquanto Francis Obikwelu se estabeleceu como um dos homens mais rápidos de sempre nos 100 metros, com uma prata arrancada ‘a ferros’, e a nação pôde ainda ‘sofrer’ com Rui Silva até ao bronze nos 1.500 metros.
Los Angeles1984 trouxeram o primeiro ouro da história nacional em Jogos, na maratona vitoriosa de Carlos Lopes, com António Leitão, nos 5.000 metros, e Rosa Mota, na maratona, a conseguirem bronze, na única outra vez em que foram conseguidos três ‘metais’.
Carlos Lopes, que vinha de uma prata nos 10.000 metros de Montreal1976, conseguiu o primeiro de cinco ouros da história portuguesa na cidade norte-americana.
Lesionado em Moscovo1980, o maratonista luso tornou-se no primeiro herói olímpico nacional com um recorde dos Jogos, 2:09.21 horas, que só viria a ser batido em Pequim2008, pelo queniano Sammy Wanjiru.
Este resultado em Tóquio2020, de resto, permite à missão portuguesa superar o que estava contratualizado com o Governo, pelo menos no que a pódios diz respeito, uma vez que só dois estavam estipulados.
‘Ouro é para
agradecer ao país que me acolheu’
Pichardo disse que o ouro olímpico que conquistou é a melhor forma de prestar tributo a Portugal, pelo modo como o acolheu quando teve de sair de Cuba.
“Este ouro tem um significado muito grande, pois é a única forma que tenho de agradecer ao país que me apoiou desde o primeiro dia. Agradecer com medalhas e bons resultados”, desabafou, na conferência de imprensa no estádio olímpico.
O pai disse à Lusa que o próximo objectivo é ganhar todos os mundiais até repetir o ouro olímpico em Paris-2024, declaração que motivou uma resposta mais humorada do descendente.
“O meu pai é um bocado maluco a colocar pressão em cima de mim. Não vai estar feliz com a marca. Ele estava à espera que eu fizesse pelo menos os 18 metros. Tenho a certeza que quanto a ser campeão olímpico está contente, mas com a marca não estará feliz. É um bocado maluco, exige muito”, gracejou.
Durante todo o concurso, Pichardo revelou grande tranquilidade e foi com serenidade que também festejou o seu primeiro título de campeão olímpico, o quinto ouro na história de Portugal em mais de 100 anos.