ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE: Alterações climáticas são a maior ameaça à saúde

A Organização Mundial da Saúde afirmou esta semana que as alterações climáticas são “a maior ameaça à saúde da Humanidade”, apelando aos governos para saírem da pandemia de uma forma “saudável e verde”.

Para isso, a OMS elenca, num relatório divulgado esta semana, dez prioridades, desde logo pedindo aos países signatários do Acordo de Paris que coloquem “a saúde e a justiça social no centro das conversações” da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), que se realiza no princípio de Novembro em Glasgow, na Escócia.

A directora do departamento da OMS para o Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde, Maria Neira, salientou em conferência de imprensa que reduzir a poluição atmosférica para os níveis recomendados pela organização evitaria “80 por cento” das cerca de sete milhões de mortes provocadas todos os anos pelos efeitos da poluição atmosférica.

“A saúde será a motivação para acelerar e para fazer mais para combater as alterações climáticas, que afectam os pilares da saúde: alimentação, água e qualidade do ar”, afirmou.

“Talvez esta seja a altura de uma COP da Saúde. É isso que queremos. Qualquer que seja o investimento financeiro necessário, compensará pelos benefícios que trará. Não há desculpas”, referiu Maria Neira.

A OMS citou números do Fundo Monetário Internacional segundo os quais a indústria dos combustíveis recebe 5,9 biliões de dólares de financiamento anualmente, o equivalente a 11 dólares por minuto e metade dessa quantia é o que custam ao mundo os problemas de saúde por eles provocados todos os anos.

Proteger a saúde humana das consequências das alterações climáticas, sustenta a OMS, exige transformações em sectores como o energético, alimentar e financeiro.

O director-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, argumentou que “as mesmas escolhas insustentáveis que estão a matar o planeta também estão a matar pessoas”.

Os apelos da OMS são subscritos por 300 organizações que representam pelo menos 45 milhões de médicos e outros profissionais de saúde, que constituem mais de dois terços de todos os trabalhadores do sector a nível mundial.