PARA EMPRESÁRIO DO SECTOR, 60% DO ESPÓLIO IMOBILIÁRIO DO IRONBOUND AINDA EM MÃOS PORTUGUESAS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O grosso do espólio imobiliário no Ironbound, “sobretudo nas zonas mais apetecíveis do bairro, junto à Ferry Street e à estação ferroviária da Penn Station, ainda está nas mãos dos portugueses”, afirma Luís Nogueira, proprietário da ‘Exit Realty’ e um dos nomes mais cotados do sector em Newark. “Arriscaria mesmo dizer que 60% das propriedades no Ironbound ainda pertencem a portugueses, o que não signifique necessariamente que vivam nelas. Para muitos, é apenas um bom investimento.”

Luís Nogueira, que se movimenta desde 1990 no universo da compra e venda de casas, conhece o mercado imobiliário do Ironbound como a palma das suas mãos… Actualmente com 30 vendedores e ‘brokers’ activos, a sua empresa registou um 2021 de grande actividade, com cerca de 300 transacções imobiliárias “a traduzirem-se num volume de negócios próximo dos 100 milhões de dólares”, revela o emigrante de Pero Moniz, no município de Cadaval, que mantém, à parte o escritório principal em Newark, um outro em Elizabeth. “Nestes 32 anos de actividade, temos concentrado mais o nosso negócio nos condados de Essex e Union, mas não nos ficamos por aí.”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O empresário Luís Nogueira no seu gabinete de trabalho em Newark, NJ

Nogueira, que começou por criar a ‘Lucky Realty’ em 1990, em sociedade com Jack Silva, mas que hoje segue caminho próprio, reconhece que 2021 foi “um ano bastante produtivo, sobretudo aqui no Ironbound, onde há pouco inventário e muita procura. Quando é assim, regista-se sempre uma subida de preços, que no ano passado se situou na média dos 20%.”

O empresário imobiliário lembra que vários são os factores a influenciarem no valor das propriedades, “da localização (às vezes até de uma rua para outra faz diferença) ao estado das casas (se necessitam ou não de melhoramentos), passando pela área do terreno – tudo tem influência.”

Por outro lado, os imóveis com mais procura são as de 2 e 3 famílias, “sobretudo junto a escolas com boa reputação, como a Ann Street School, ou junto à Ferry e à Lafayette ou com proximidade à Penn Station.”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Aspecto do edifício-sede da ‘Exit Realty’, no Ironbound

O Ironbound oferece muitas conveniências a quem aqui procura casa, nota Luís Nogueira. “A começar pela localização, perto de Nova Iorque e do Aeroporto, por exemplo”, diz. “Uma relativa segurança, apesar de ser uma cidade grande. Mesmo para os americanos em geral e membros de outros grupos étnicos, o Ironbound é ouro. Já para não falar no custo de vida, que, comparado a centros urbanos como Nova Iorque, é muito mais baixo.”

Factores que, se por um lado atraem novos moradores, por outro vão constituindo um fardo para quem já está no Ironbound há duas ou mais gerações. “O bairro está a ficar cada vez menos acessível a quem aqui mora há muito tempo, sobretudo se as pessoas dependerem de uma reforma baixa e tiverem poucos recursos – e se os impostos prediais aumentarem”, observa. “Ainda assim, não creio que o chamado processo de gentrificação esteja em estado muito avançado no Ironbound; os novos complexos habitacionais com apartamentos para aluguer vão atrair sobretudo gente nova, profissionais liberais de um certo estrato social, com bons salários, que não se importam de pagar rendas altas e usufruir daquilo que o Bairro Leste tem para lhes oferecer.”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Luís Nogueira e parte da sua equipa de trabalho

Uma casa que há anos estivesse avaliada em 250 mil dólares, por exemplo, “vende-se hoje no Ironbound facilmente por meio milhão de dólares”, garante Luís Nogueira. Ainda assim, palpita que, em 2022, o valor médio das propriedades poderá continuar a escalar na ordem dos 12%, “sobretudo se Washington, DC aumentar os juros federais e o poder de compra for afectado.”

O empresário crê, por outro lado, que, em 2022, haverá mais oferta imobiliária, “o que, para o nosso sector, é muito positivo. Como não há terrenos para construir no Ironbound, e as próprias obras estão caras, vai ser importante haver casas que correspondam à demanda.”

NÚMEROS & FACTOS | Zip Code 07105

• No tocante a casas de 1 família, e apenas no código de endereço postal 07105, registou-se um volume de vendas em 2021 na ordem dos 12 imóveis, a totalizar $4,369,500 dólares. Preço médio: $364,125. Nesta categoria, a casa que esteve menos tempo no mercado – 14 dias, foi uma propriedade na Niagara Street vendida por 400 mil dólares.

• Quanto a casas de 2 famílias, o inventário, para o mesmo período de tempo, foi superior, com 27 casas vendidas, num total de $14,612,800 em transacções. Preço médio: $541,214. Nesta categoria, a casa que esteve menos tempo no mercado – 5 dias, foi uma propriedade na Ann Street vendida por 765 mil dólares.

• No grupo dos imóveis residenciais tipo 3 famílias, o volume de negócios atingiu os $11,832,000, tendo-se vendido 16 casas. Preço médio: $739,500. Nesta categoria, a casa que esteve menos tempo no mercado, foi uma propriedade na Polk Street que, no mesmo dia em que foi posta à venda, foi imediatamente vendida, por 940 mil dólares. E foi mesmo a casa de 3 famílias mais cara vendida no 07105, em 2021.

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