PARKINSON: Terapia com células estaminais com grande potencial
Resultados de um estudo, recentemente publicado na revista médica Surgical Neurology International, indicam que células estaminais mesenquimais de medula óssea autóloga (do próprio) podem ajudar a melhorar os sintomas da doença de Parkinson, como os tremores e a sonolência diurna, bem como a saúde mental, melhorando a qualidade de vida destes doentes.
O objectivo deste estudo foi avaliar a influência da administração de células estaminais mesenquimais nos sintomas motores e não motores da doença de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum, que se estima afectar 180 por cada 100.000 habitantes, em Portugal.
Durante o estudo, um grupo de 12 doentes, com doença de Parkinson em média há 7 anos e com idades compreendidas entre os 29 e os 65 anos, foi tratado com células estaminais mesenquimais retiradas da sua própria medula óssea, além da medicação convencional.
Os resultados obtidos foram comparados com os de um outro grupo de 11 doentes com doença de Parkinson, com uma distribuição de idades, sexo e estádio da doença semelhantes ao do grupo de tratamento, mas com recurso apenas à medicação convencional.
Os doentes do grupo de tratamento receberam 3 tratamentos com células estaminais, com 7 dias de intervalo, e foram avaliados, relativamente à evolução dos sintomas motores e não motores da doença de Parkinson, um e três meses após o tratamento.
“A medicação actualmente utilizada para tratar esta doença destina-se essencialmente ao alívio dos sintomas, não permitindo travar a progressão da doença. Assim, com o intuito de impedir a morte de neurónios e, consequentemente, a progressão da doença, têm vindo a ser investigadas outras soluções terapêuticas, nomeadamente o uso de células estaminais mesenquimais, pela sua capacidade de migrar para tecidos danificados e promover a sua regeneração, entre outras”, explicou Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, que adianta ainda que este estudo é um exemplo dos esforços que têm vindo a ser empreendidos no sentido de encontrar novas soluções terapêuticas para a doença de Parkinson.
Os autores sublinham, contudo, que estes resultados, embora encorajadores, são preliminares, sendo imperiosa a realização de estudos com maior número de doentes, controlados com grupo placebo e com tempo de seguimento mais longo, para que seja possível retirar conclusões acerca da eficácia deste tratamento.