PEÇA RESGATADA DOS ESCOMBROS DO W.T.C. POR PORTUGUÊS ESTÁ NO MUSEU E MEMORIAL DO 9/11 EM NOVA IORQUE
• Por HENRIQIE MANO | Nova Iorque
Para além dos nomes das 9 vítimas luso-americanas inscritas no Memorial e Museu do 9/11 na baixa de Manhattan, há também um arquitecto português mencionado numa das amplas áreas temáticas daquele espaço guardador de memórias.
É na galeria “Símbolos extraídos do World Trade Center”, dedicada a objectos recuperados por funcionários da Autoridade Portuária de Nova Iorque/New Jersey que participaram na operação de remoção de destroços do Ponto Zero, que surge o nome do arquitecto português Luís Mendes.
Mendes contribuiu para a galeria com uma cruz de Malta em metal encontrada nos destroços – a que se juntam ofertas de outros elementos, como uma estrela de David.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O arquitecto Luís Mendes
Numa placa interpretativa colocada na galería, intitulada “Encontrar um significado para o ponto zero”, os curadores do Museu explicam que “os trabalhadores do Ground Zero lutaram para aceitar as terríveis circunstâncias no local. Alguns procuraram contrariar a sensação de destruição total agarrando-se a algo reconhecível, fosse um parafuso de metal ou um pedaço de vidro recuperado dos escombros. Outros, confrontados com a ausência de sobreviventes e a frequente recuperação de restos mortais, encontraram um propósito estabelecendo relações com familiares de uma determinada vítima, carregando um cartão memorial ou uma fotografia para reforçar a sua determinação”.
À altura do 11 de Setembro Comissário Assistente para Projectos Especiais, o lisboeta Luís Mendes, 65, que veio para os EUA com 16 anos e se formou em Arquitectura pelo conceituado Pratt Institute, em Brooklyn, teve a seu cargo toda a gigantesca operação de remoção de destroços e limpeza do chamado ‘Ground Zero’. “O meu trabalho arrancou no próprio dia dos ataques e foi até Maio”, contou Mendes, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO em 2020. “Cheguei a passar aqui 20 horas por dia! Eram camiões cheios de entulho e vigas de ferro a saírem constantemente”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A galeria do Museu e Memorial do 9/11 em Nova Iorque onde está em exibição a peça resgatada e oferecida pelo português Luís Mendes
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A galeria do Museu e Memorial do 9/11 em Nova Iorque onde está em exibição a peça resgatada e oferecida pelo português Luís Mendes
A seguir à operação de limpeza, assumiu ainda a coordenação técnica da transformação do local naquilo que hoje é. “Dezasseis hectares de construção a envolver 7 mega projectos, todos a competir uns com os outros. Chegar ao final e ver esta obra que aqui foi feita com toda a dignidade, é um ponto de orgulho muito grande para mim”.
Luís Mendes chegou a ser anfitrião do presidente Aníbal Cavaco Silva, que foi ao ‘Ground Zero’ depositar um ramo de flores às vítimas do 9/11 há uns anos.
O arquitecto também coordena como sub-comissário municipal (possivelmente o português mais bem colocado na hierarquia pública da cidade de Nova Iorque, a seguir ao antigo comissário Luís Tormenta) um programa de recuperação de áreas afectadas pelo furacão ‘Sandy’, trabalhando directamente com o gabinete do ‘mayor’ Bill DeBlasio.