Pedro Soares dos Santos – “Vai haver uma loucura de tentativa de subida de preços”
Grupo de distribuição que detém o Pingo Doce, a polaca Biedronka e a colombiana Ara vê igual pressão inflacionista nos três mercados.
A inflação nos cereais “é muito superior ao que estamos a falar neste momento”, defendeu o líder do grupo.
“Ao contrário das minhas projecções tal como eu estava habituada a tê-las, [elas] estão muito, muito reservadas e vou mantê-las muito reservadas, porque eu não tenho a certeza exacta dos impactos da inflação” na operação do grupo e em geral, admitiu Pedro Soares dos Santos, em conferência de imprensa com os jornalistas, marcada a propósito dos resultados consolidados de 2021.
Pedro Soares dos Santos, que trabalha no grupo Jerónimo Martins desde 1983, dois anos antes de a rede Pingo Doce ser lançada, é administrador da companhia desde 1995, ano em que a Biedronka entrou no grupo, e que desde 2010 lidera a comissão executiva da companhia, não se quis alongar muito sobre as perspectivas para 2022.
A JM está preparada para mitigar e poder equilibrar o que é que pode passar ao consumidor e o que é que vai ter de absorver [ela própria] mesmo que isso implique alguma revisão de lucratividade.
“E isso tem a ver, realmente, com o que se vai passar nas próximas quatro semanas nos aumentos de custos”. “Por exemplo”, avançou o presidente da JM, “o óleo aumentou 60%, isto é um impacto brutal na vida das famílias”.
A directora-geral do Pingo Doce, Isabel Pinto, desde 2015 admitiu aos jornalistas que “o incremento dos cereais é, de longe, o maior”.
“No ano passado já houve uma grande inflação em todos os produtos que dependem directa ou indirectamente dos cereais”, contextualizou. Mas Isabel Pinto explicou que “as razões do ano passado foram outras”, que “não têm a ver com a guerra na Ucrânia”, mas com “a reposição dos stocks por parte da China cujo tamanho do mercado de consumo faz com que o impacto na procura e oferta seja global a cada vez que há alteração”.