Porto: IPO apela à doação de plaquetas porque não dói e salva vidas

Doar plaquetas não dói e pode salvar vidas, dizem dadores e responsáveis do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, que luta para ser autossuficiente e na quarta-feira, Dia Nacional do Dador de Sangue, apelou à dádiva.

O consumo de plaquetas em hospitais oncológicos é muito elevado. Quem tem patologia hematológica como leucemia ou linfoma necessita de grandes quantidades de plaquetas para fazer face a hemorragias e coagulação, ou problemas de plaquetas baixas.

Em 2023, o IPO do Porto realizou 12.819 transfusões, 7.514 de eritrócitos e 5.305 de plaquetas. Foram transfundidos mais de 2.500 doentes. No mesmo ano, o IPO registou 8.925 dádivas, das quais 1.561 foram de componentes plaquetários por aférese e 7.364 de sangue total. Mais de 1.500 são novos dadores, mas são precisos mais.

“Para obtermos uma unidade de tratamento de plaquetas para um doente precisamos de quatro a cinco dadores de sangue total. Ou seja, a quantidade que se consegue tirar de plaquetas numa doação de sangue total tem de ser adicionada a mais dadores. Enquanto com um só dador de plaquetas por aférese, que implica um equipamento especial, conseguem-se uma, duas ou até três unidades terapêuticas de plaquetas”, explicou Catarina Carvalho, médica de Imuno-hemoterapia.

O ‘stock’ de plaquetas do IPO é gerido ao segundo e ao milímetro, até porque as plaquetas, pelas suas particularidades, após colheita têm de ser utilizadas num prazo de cinco dias.

Quando não tem ‘stock’, o IPO do Porto recorre ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação, admitindo que ser autossuficiente em plaquetas é “um desafio tanto quanto é um objetivo”, pois o processo envolve muitos factores, e actualmente um dador pode apenas doar uma vez por mês.

“Temos dadores certinhos: 12 colheitas por ano. Mas como a literatura começa a mostrar que se pode encurtar o tempo entre colheitas, estamos a trabalhar nisso para três semanas ou mesmo 15 dias”, referiu a médica num dia simbólico de apelo à dádiva e no qual a instituição, que celebra este ano 50 anos, lança a campanha “No IPO damos vida”.