PORTUGAL-ANDORRA: Ronaldo venceu, sem brilhar, metade dos oito campeões do Mundo
A um triunfo dos 100 pela seleção portuguesa de futebol, Cristiano Ronaldo coleciona vitórias sobre quatro dos oito campeões do Mundo, mas em nenhum dos jogos foi influente, com golos ou assistências.
Em vésperas do reencontro com a França (sábado, na Luz), num jogo em que pode selar o centenário de vitórias, caso seja poupado quarta-feira frente a Andorra, o capitão luso tem nos gauleses a formação face à qual conseguiu a mais bela das vitórias.
Em 10 de Julho de 2016, no Stade de France, em Saint-Denis, Ronaldo teve o privilégio de ser o primeiro português a levantar a taça de campeão da Europa, depois de um muito sofrido triunfo sobre os anfitriões da prova, por 1-0, após prolongamento.
O ‘herói’ do encontro não foi, no entanto, Cristiano Ronaldo, mas Éder, o ‘patinho feito’, que entrou aos 79 minutos a substituir Renato Sanches e, aos 109, marcou aquele que é o golo mais importante da história do futebol português.
Ronaldo não decidiu, nem o podia ter feito, já que, devido a uma entrada dura de Payet, teve de ser substituído logo aos 25 minutos, deixando em lágrimas o relvado. Acabou a noite feliz, a erguer bem alto o troféu de campeão da Europa.
Este foi o último ‘capítulo’ da história de triunfos de Cristiano Ronaldo na seleção ‘AA’ face a campeões o Mundo, e aconteceu uma dúzia de anos após o primeiro, no decisivo encontro da fase de grupos do Euro 2004, com a Espanha.
Em 20 de junho de 2004, no Estádio José Alvalade, onde um ano antes fizera uma notável exibição na inauguração do palco, o que fez com que Alex Ferguson o levasse de imediato para o Manchester United, Cristiano Ronaldo foi titular face à Espanha.
Depois de uma entrada em falso (1-2 com a Grécia) e um 2-0 Rússia, Portugal precisava de ganhar e, como no ‘episódio’ do Stade de France, também foi um suplente a decidir, no caso o avançado Nuno Gomes, que então pertencia ao Benfica.
Ao intervalo, o selecionador luso, Luiz Felipe Scolari, trocou Pauleta, que passou pelo Euro2004 sem conseguir marcar um golo, por Nuno Gomes, que marcou o golo da vitória (1-0), aos 57 minutos, com um remate de fora da área, a bater Casillas, servido por Figo.
Nesse embate, e ao contrário de outros, Ronaldo, então um ‘menino’ de 18 anos, não brilhou e acabou substituído, aos 85 minutos, pelo central Fernando Couto, numa altura em que era preciso segurar a importante vitória a todo o custo.
Esta pode, ainda assim, considerar-se a primeira vitória de Cristiano Ronaldo sobre uma equipa campeã do Mundo, ainda que, na altura, o não fosse – os espanhóis só chegaram ao seu primeiro, e ainda único, título mundial em 2010.
Os outros três triunfos de Ronaldo face a campeões mundiais aconteceram em jogos particulares, o primeiro em 06 de fevereiro de 2007, no Emirates Stadium, em Londres, casa do Arsenal, face ao Brasil, já pentacampeão mundial, por 2-0.
Perante um conjunto ‘canarinho’ que apresentou, entre outros, Helton, Luisão, Diego e Tinga, Cristiano Ronaldo foi titular e acabou substituído aos 63 minutos, por Simão Sabrosa, numa altura em que o resultado ainda estava em 0-0.
Curiosamente, foi Simão, outro suplente, a marcar o primeiro golo, já aos 82 minutos, para, em ‘cima’ dos 90, o central Ricardo Carvalho apontar o segundo.
Mais de três anos volvidos, em 17 de novembro de 2010, Ronaldo voltou a bater a Espanha, agora campeã mundial e europeia em título, e por ‘escandalosos’ 4-0, no Estádio da Luz, selado por Carlos Martins, Hélder Postiga (dois) e Hugo Almeida.
O então jogador do Real Madrid, que saiu ao intervalo, com 1-0, voltou, assim, a não marcar, mas com uma grande dose de azar, pois, com o resultado em ‘branco’, arrancou pela esquerda, deitou Piqué e, com um toque subtil, fez um espetacular ‘chapéu’ a Casillas.
A bola entrou na baliza espanhola e Ronaldo ainda festejou, mas rapidamente percebeu que não valeu, já que o árbitro assinalou fora de jogo a Nani, considerando que este tocou a bola de cabeça antes de esta ultrapassar a linha. Ficaram muitas dúvidas.
Como não valeu, Ronaldo ficou em ‘branco’, como no triunfo por 1-0 sobre a Argentina, de Lionel Messi, num embate realizado em 11 de Novembro de 2014, na sua primeira ‘casa’ fora de Portugal, o Estádio Old Trafford, em Manchester.
O futebolista luso só atuou os primeiros 45 minutos, tal como o rival do FC Barcelona, num embate resolvido apenas nos descontos, aos 90+1, por Raphaël Guerreiro.
Em resumo, e nos cinco triunfos, Ronaldo nunca foi feliz em termos individuais, mas ainda pode ser que isso venho a acontecer. E também deve ter planos de bater os outros quatro vencedores do Mundial – Alemanha, Itália, Inglaterra (os desempates por penáltis contam como empates) e Uruguai.
© Luso-Americano/Agência Lusa