PORTUGAL: Teste detecta resistência a antibióticos
Um dispositivo para detectar com rapidez bactérias e a resistência a antibióticos está a ser desenvolvido por um consórcio de entidades públicas e privadas portuguesas, disse o orientador da equipa técnica do projecto Josué Carvalho.
“Estamos a falar de um dispositivo portátil, que com uma simples análise de uma amostra de urina e de forma quase imediata, pode identificar, por um lado, a bactéria que está a causar a infecção (…), mas também (…) os genes que promovem as resistências aos antibióticos, (e) qual é o antibiótico que deve ser prescrito para aquele paciente”, declarou à agência Lusa o cientista doutorado em Biomedicina.
A resistência antimicrobiana (RAM) – a capacidade de microrganismos como as bactérias sobreviverem aos efeitos de antibióticos o que impede o tratamento de algumas infecções – é um dos maiores problemas de saúde pública a nível mundial.
Josué Carvalho adiantou que estes testes que permitem detectar a RAM, “os primeiros desenvolvidos em Portugal”, são uma alternativa aos tradicionais, cujos resultados demoram dois a três dias no caso de infecções urinárias, no centro da investigação.
Com as “tecnologias inovadoras” que estão a ser desenvolvidas no âmbito do projecto ‘SMARTgNOSTICS’ do consórcio, o novo teste “dá o resultado em 30 minutos”, acrescentou.
O teste “está pensado para ser feito em ambulatório”, nos centros de saúde, nos serviços de urgências, pelos profissionais de saúde que lidam directamente com o paciente numa primeira abordagem.
Explicou que o dispositivo utiliza uma tecnologia baseada em biologia molecular, “a tecnologia mais avançada que há de diagnóstico”, e através de “um conjunto de reagentes e de acções de amplificação de ADN das bactérias” detecta a que está a provocar a infecção e a sua resistência aos antibióticos.
O teste “vai dizer, ok, está presente a bactéria A, mas a bactéria A tem resistência ao antibiótico X e então o médico deve prescrever o antibiótico alternativo para melhorar o tratamento e para evitar o aparecimento de mais resistências”.
O cientista disse que a investigação deste primeiro teste deve estar concluída no primeiro semestre deste ano, a que se seguem os ensaios clínicos, pelo que a comercialização dos dispositivos está prevista para o segundo semestre de 2025.