PORTUGUÊS DE COIMBRA À FRENTE GARRAFEIRA DE LUXO EM RESTAURANTE NOVA-IORQUINO
• Por HENRIQUE MANO | White Plains, NY
Formou-se pela Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, cidade onde, aliás, nasceu, o português que é director de vinhos do restaurante Kanopi, na cidade novaiorquina de White Plains.
Danny Martins, que cresceu em Aveiro, está há 5 anos na equipa do chefe de cozinha luso-americano Anthony Gonçalves, que desde há décadas aposta numa interpretação moderna da culinária portuguesa.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O escanção Danny Martins à entrada da garrafeira do restaurante Kanopi, em White Plains, NY
É do alto de uma torre envidraçada, em todo o 42.º andar do Hotel The Opus Westchester, que o sommelier Danny Martins gere uma das mais variadas garrafeiras portuguesas do universo da restauração em Nova Iorque: “Neste momento temos 395 referências, das quais 180 são portuguesas”, descreve Martins, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Apostamos muito em Portugal e tentamos sempre encontrar produtos que não haja em mais lado nenhum, por exclusividade e também por forma a podermos trazer pequenos produtores do nosso País para que possam ser reconhecidos junto do mercado americano”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Aspecto da garrafeira do restaurante Kanopi, em White Plains, NY
O primeiro contacto com o fascinante mundo dos vinhos vem mesmo das ligações de família: “O meu avô e o meu pai eram produtores e, quando fui para a escola, desde logo me foquei nesse Rampo”, conta. Mas é já nos Estados Unidos que Danny Martins obtém a certificação de escanção, tornando-se especialista na degustação de vinhos.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O escanção Danny Martins e o chefe de cozinha Anthony Gonçalves
No Kanopi, o português é não apenas o encarregado dos vinhos e bebidas espirituosas, como aconselha os clientes na escolha dos mesmos e os serve, fazendo a avaliação de algumas das suas características fundamentais (qualidade, origem tipo, etc.).
“No dia-a-dia aqui do restaurante, consome-se muito produto nacional, sem dúvida”, revela o sommelier. “98% dos nossos clientes querem o que é português. São clientes que não conhecem Portugal mas estão interessados em fazê-lo e querem experimentar uma coisa diferente. Então a nossa proposta é: tentar levá-los a Portugal pelos sabores, sem saírem de White Plains. No final da noite e da refeição, o feed-back é sempre: vou marcar uma viagem a Portugal”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O escanção Danny Martins no seu local de trabalho
Danny Martins explica que, mais do que aconselhar e servir uma marca lusa, no Kanopi, “nós acabamos por contar uma história também, não é só vender uma garrafa ou vinho a copo português que faz a diferença. É a história que vem por trás disso, é o nome do produtor, quando é que ele começou, onde cresceu, de onde são as uvas – acabamos por dar um enredo e uma história que cative o cliente”.
Na garrafeira do espaço em White Plains, uma cidade de tamanho médio a cerca de meia hora de Manhattan, não faltam alguns dos ex-libris dos vinhos portugueses – do Barca Velha 2015 (que pode chegar a $1800 por garrafa), a um Pêra-Manca ($1200). “Trabalhamos bastante com Quinta do Lemos, Douro Boys, Filipa e Luís Pato – tento reunir na nossa carta um bocadinho de todas as regiões de Portugal e não apenas as mãos conhecidas (Douro e Alentejo)”. A que se juntam os Madeiras, Portos e Moscatéis.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Aspecto interior do restaurante Kanopi, em White Plains, NY
“Ao tentarmos promover Portugal através dos seus vinhos, demonstramos que o país os tem com muita qualidade e estrutura, com várias densidades” – nota.
Pelas contas do sommelier, devem-se consumir (“e estou a falar por baixo”) cerca de dez mil garrafas de vinho Made in Portugal por ano no Kanopi.
Martins considera “fantástico” trabalhar ao lado do chefe Anthony Gonçalves, “porque, para além de ser muito profissional, é como se fosse família. Trabalhamos muito bem juntos porque nos focamos na mesma coisa: a atenção ao cliente”.
Acredita que a missão do Kanopi é elevar Portugal. “Todos os dias levantamo-nos, chegamos ao restaurante e dizemos: vamos promover Portugal, esse é o espírito. Vamos falar das regiões de Portugal, da gastronomia de Portugal – da francesinha a um bom cozido à portuguesa, para incentivar os americanos a irem lá”.