PORTUGUESA DE VISEU NOMEADA DIRECTORA NA ESCOLA PRIMÁRIA ONDE FOI ALUNA E PROFESSORA
Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ
O ano lectivo na Ann Street School, uma instituição de ensino do ciclo primário pertencente ao maior distrito escolar do estado de New Jersey, arrancou há semanas com uma portuguesa na cadeira de comando mais elevada. A directora (“principal”) Isabel Marques, natural de Viseu, chegou ao cargo por nomeação do superintendente escolar Roger de León e por aprovação unânime do Comité Escolar de Newark.
A Ann Street School [https://www.nps.k12.nj.us/ann/], criada em 1892, é uma instituição de ensino com o selo de excelência ‘Blue Ribbon’, atribuído pelo Ministério da Educação dos Estados Unidos a escolas com alto índice de aproveitamento e localizada no coração do bairro português do Ironbound.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A directora Isabel Marques nao seu gabinete de trabalho na Ann Street School
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada da Ann Street School, no Ironbound, que, pela primeira vez, tem uma ‘principal’ nascida em Portugal
“A Ann Street School é uma das melhores escolas de Newark e, por isso, a sua procura é elevada”, afirma Isabel Marques, a 1.ª directora da escola nascida em Portugal, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Como foi construída para acomodar 600 alunos, contamos com um anexo e várias estruturas pré-fabricadas com salas de aulas”.
Os 1400 alunos frequentam o ciclo de ensino da pré-primária ao 8.º ano, contando para isso com um quadro de pessoal de 160 pessoas (dos quais 110 são educadores). “Creio mesmo que 25% dos docentes são luso-americanos”, nota Marques, “incluindo dois dos meus quatro vice-directores”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A ‘principal’ portuguesa numa das salas de aulas da Ann Street School
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Este letreiro a dar as boas-vindas em vários idiomas é bem a prova de quão multi-cultural o corpo de alunos da Ann Street School é
Sobre a sobrelotação de alunos, a ‘principal’ garante: “Fazemos o melhor possível para gerir o nosso espaço com os alunos que temos. A nossa equipa dá 150% de si para que tudo corra pelo melhor e ninguém fica sem acesso à aprendizagem ou o acompanhamento necessário, embora não deixe de ser uma dificuldade”.
O corpo de alunos multicultural da Ann Street School assenta como uma luva em Isabel Marques, que tinha 6 anos quando a família emigrou de Viseu para Newark – “como toda a gente, à procura de uma vida melhor”.
A hoje ‘principal’ andou pelos corredores e salas de aulas da Ann Street School como aluno do ensino primário e passou ainda pelo Liceu East Side, também no Ironbound.
Com os cursos de psicologia e criminologia obtido pela Rutgers University, começou por trabalhar na área financeira, mas a vontade de dar aulas falaria mais alto e, um dia, Isabel Marques estava a lecionar numa escola católica em Hillside, NJ.
Mais tarde, e já com a certificação para ser professora pela St. Peter College de Jersey City, consegue uma vaga na Ann Street School e regressa às origens – agora como educadora. “Curiosamente, a minha entrevista de trabalho foi com o antigo director da escola quando eu lá era aluna”, observa.
Dá os primeiros passos na Ann Street como professora de uma turma bilingue do 6.º ano; na década que se seguiria, obteve o mestrado em “urban education” para chegar a gestora escolar. É-lhe oferecida primeiro a posição de vice-‘principal’ e, este ano, a de directora.
De acordo com Marques, “a escassez de professores que se faz sentir a nível nacional nao nos chegou aqui à Ann Street, onde, neste momento, só temos duas vagas opor preencher uma delas para um professor de ESL (Inglês como Segunda Língua).
O facto de em sua casa se “falar português, os meus pais insistiam nisso”, a “principal” ainda hoje domina o idioma. “Além disso, sempre que podíamos, íamos de férias a Portugal e fomos criados no seio de uma família tipicamente portuguesa”.
