PORTUGUESA É ENFERMEIRA ESPECIALISTA EM SAÚDE INFANTIL E PEDIÁTRICA EM HOSPITAL DE NEW JERSEY
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Nasceu em Sistelo, concelho de Arcos de Valdevez, a enfermeira portuguesa Maria Sousa, especialista em saúde infantil e pediátrica no St. Joseph’s University Medical Center de Paterson [https://stjosephshealth.org/sjch], estado de New Jersey. A unidade hospitalar, que forma futuros médicos e profissionais de saúde, foi criada pelas Irmãs de Caridade de St.ª Elizabeth e está no activo dede 1867, ou seja, com 154 anos de serviço à comunidade.
🌐DE ARCOS DE VALDEVEZ PARA NOVA IORQUE E DE NOVA IORQUE PARA KEARNY
Maria Emília Sousa tinha 8 anos quando os pais emigraram para os Estados Unidos, radicando-se numa primeira fase na área metropolitana de Nova Iorque; em 1986, a família transferiu-se para Kearny, em New Jersey, nos arredores de Newark, onde Maria completaria o liceu.
“Foi precisamente nessa altura que comecei a pensar mais a sério numa carreira profissional a seguir”, afirma a enfermeira, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Entretanto, uma pessoa da nossa família ficou muito doente, acabando por falecer, e toda essa experiência foi um factor que pesou na escolha que acabaria por fazer. Queria algo onde pudesse ajudar as pessoas e enfermagem parecia-me o caminho certo.”
A emigrante minhota fez então os quatro anos de enfermagem na William Paterson University, em New Jersey, com especialização na área de saúde infantil e pediátrica. Foi um estágio inicial no St. Joseph’s University Medical Center de Paterson que a levou, de seguida, a entrar para os quadros do hospital, onde hoje ainda se encontra.
🌐EM PEDIATRIA, OS PAIS TAMBÉM PRECISAM DE ACOMPANHAMENTO
“Como enfermeiras na área pediátrica, fazemos exactamente o trabalho que os nossos colegas desempenham com os adultos, mas em ponto pequeno”, nota Sousa, com algum humor. “Chegam-nos menores com diabetes, fracturas, com necessidade de serem operados e também com questões do foro oncológico – e esse é o aspecto que mais me custa. Não apenas as sessões de quimioterapia, mas não rara vezes o desfecho que claro se adivinha neste tipo de doença…”.
Maria Sousa reconhece que, como enfermeira em pediatria, a interacção com os pais é componente importante do seu trabalho. “Não é fácil lidar com eles, e quem tem filhos sabe bem disso. Ter uma criança doente é muito preocupante. E, dependendo dos diagnósticos, os pais às vezes ficam chocados e temos de ter com eles compreensão, compaixão e até algum sentido de humor para atenuar o sofrimento. Muito vezes, nesses casos, tento colocar-me no lugar deles e imaginar como me sentiria se fosse um filho meu naquela situação…”.
🌐A PANDEMIA – E A LUZ NO FUNDO DO TÚNEL…
A enfermeira portuguesa, que faz os turnos da noite, não escapou à pandemia; no início de 2020, o andar onde trabalha virou enfermaria COVID – “só aceitávamos doentes críticos a necessitar de cuidados intensivos, por estarmos em estado de emergência. Foi assim ao longo de um mês e meio.”
Hoje pede às pessoas que “usem máscara pra evitar a propagação do vírus, cumpram as regras de higiene e, assim que puderem, tomem a vacina. Só ela nos irá ajudar a ultrapassar esta pandemia.”
A enfermeira sublinha ainda a importância de ser bilingue para o desempenho das suas funções profissionais. “Quando nos podemos comunicar com um doente na língua em que ele se sente mais à vontade, reduz-se logo a ansiedade”, observa.
Casada com Manuel de Sousa e mãe de dois filhos, nos tempos livres, a enfermeira minhota dedica-se ao Rancho Folclórico ‘Sonhos de Portugal’, da Associação Cultural Portuguesa de Kearny – a que já pertence há mais de 15 anos.