PORTUGUESA LEMBRA PAPEL POSITIVO DE AGENTES DA SEGURANÇA PÚBLICA NA ‘NATIONAL POLICE WEEK’
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Quando a pandemia da COVID paralisou o país e o mundo, em 2019, a portuguesa Paulinha Santos, de Bridgeport, no estado de Connecticut, viu-se no desemprego e confinada em casa. “Na mesma altura, as coisas complicaram-se muito para quem estava na segurança pública”, conta Santos, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO, referindo-se às demonstrações públicas de repúdio a casos isolados de violência policial. “Pensei que devia fazer alguma coisa para levantar a moral dos agentes, uma vez que, para cada mau elemento, há outros milhares a fazer o bem. Para cada pessoa que se manifesta contra a policia, há milhões de outras a seu favor.”
E se assim pensou, melhor fez… Transformou duas cortinas de plástico num duplo mural para registar mensagens de apoio à polícia e à sua acção positiva na sociedade. O tio António Albuquerque deu o tom artístico, retratando dois motivos ligados ao movimento, e não tardou muito para que os espaços em branco se preenchessem com mensagens de incentivo “vindas de todos os sectores da cidade de Bridgeport”, diz Paulinha os Santos. Hoje são cerca de duas centenas de nomes, de líderes religiosos (incluindo o pároco da Igreja Nª. Sr.ª de Fátima) a instituições icónicas como o Jardim Zoológico de Bridgeport e o Museu da cidade – passando por estabelecimentos portugueses e moradores da urbe. “Espero que seja o suficiente para pelo menos colocar-lhes um sorriso no rosto”, afirma.
A iniciativa foi tão bem recebida pelo sector da polícia, que Paulinha dos Santos resolveu levar os dois (improvisados) murais durante a ‘National Police Week’ aos portões de entrada da Polícia de Bridgeport, por forma a que os seus agentes pudessem ler as mensagens ali expostas. “Espero que tirem fotos das mensagens e, num dia mais duro de trabalho, as leiam e levantem a sua moral”, observa.
Paulinha dos Santos nasceu em Luanda, Angola, filha de pais naturais de Esmolfe, Viseu, que, anos mais tarde, emigrariam para Bridgeport quando esta apoiante das causas policiais tinha cerca de 10 anos.
“Penso que fiz uso apropriado do meu tempo durante a COVID, uma vez que fiquei desempregada, dedicando-me a este projecto”, nota. “Não só me ocupou, como me deu um propósito para a vida.”
Paulinha defende a necessidade de se expor o lado positivo da actividade dos polícias. “Noutro dia presenciei um agente de forma anónima a ajudar uma senhora a viver na rua oferecendo-lhe alimentos”, conta. “É essa a faceta da policia que também precisamos de ver, que deve estar nas notícias. Os agentes arranjam bicicletas de miúdos, dão presentes de natal a famílias necessitadas, ajudam a fazer partos, salvam animais de estimação, contribuem para causas de caridade através dos seus sindicatos, fazem muito pela sociedade sem que ninguém o reconheça.”
Paulinha conhece de perto o sacrifício que os agentes e seus familiares fazem todos os dias. Afinal, tem um irmão na Polícia de Bridgeport e revolta-se quando mais um caso de violência policial preenche os telejornais… “Até choro”, revela.
Que destino pensa dar aos dois murais de mensagens? “Gostava de fazer um registo digital deles e imprimi-los, para que fiquem para a posteridade. Para os agentes de Bridgeport”, sublinha, “os murais são um pedaço de história.”