Portugueses e luso-descendentes representam 0,4% do total da população dos Estados Unidos – FLAD

Por HENRIQUE MANO | Nova Iorque

Um estudo encomendado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), intitulado “Imigrantes e luso-descendentes nos EUA no século XXI”, chegou à conclusão que “a comunidade portuguesa e de proximidade lusa nos Estados Unidos somava quase 1,3 milhões de pessoas com cinco e mais anos” no período de 2016 a 2020, a representar 0,4% do total da população do país.

O trabalho de investigação e pesquisa, assinado por Aida Botelho Azevedo, Jorge Malheiros, Katielle Silva, Lara Patrício Tavares, Nachatter Singh Garha e Pedro Moura Ferreira, subdivide a parcela de população lusa em 4 segmentos: imigrantes portugueses (37 888), imigrantes naturalizados (ou seja, nascidos em Portugal com cidadania americana – 98 810), luso-descendentes que falam português (não-nascidos em Portugal – 149 339) e luso-descendentes que não falam português (não-nascidos em Portugal – 986 003).

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A Presidente da FLAD, Rita Faden (2.ª da esquerda) com a equipa que esteve em Nova Iorque para a apresentação do estudo

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Mayor Paulo Pereira, cônsul-geral Luísa Pais Lowe e António Quaresma na apresentação em Nova Iorque do estudo “Imigrantes e lusodescendentes nos EUA no século XXI”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Apresentação em Nova Iorque do estudo “Imigrantes e lusodescendentes nos EUA no século XXI”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Apresentação em Nova Iorque do estudo “Imigrantes e lusodescendentes nos EUA no século XXI”

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Apresentação em Nova Iorque do estudo “Imigrantes e lusodescendentes nos EUA no século XXI”

O estudo revela ainda que o maior núcleo de presença lusa na América se concentra no estado da Califórnia, onde 309 958 residentes se identificam como portugueses ou de origem; segue-se Massachusetts (258 238), Rhode Island (81 685), Flórida (78 875), New Jersey (72 314) e Connecticut (43 079).

Neste contexto, o ‘Estado Jardim’ aparece como aquele com “maior proporção de imigrantes [uma em cada três pessoas da comunidade é imigrante]” e Rhode Island  terá “maior peso relativo [um em cada 12 habitantes é imigrante ou luso-descendente]”.

Um dos números que mais surpreendente no estudo diz respeito ao Texas, que terá 34 016 residentes lusos – “o segundo maior aumento”, refere-se, logo a seguir à Flórida. O Havaí, com 47 045 residentes lusos, conta com 99% dessa parcela da população que não falam português.

Já entre os imigrantes naturalizados, 79% vivem em 4 estados: Massachusetts (34,49 mil), New Jersey (18,55 mil), Califórnia (14,09 mil) e Rhode Island (10,61 mil).

O estudo, que “resulta da vontade que a FLAD tem de aprofundar o conhecimento do perfil demográfico e socio-económico da comunidade portuguesa e luso-descendente nos EUA”, foi aprofundado a semana passada em Massachusetts, Nova Iorque e Washington, DC, em eventos com figuras da vida portuguesa e presença da Presidente da FLAD, Rita Fadden, e de duas das investigadoras responsáveis pelo projecto.

Outras conclusões emanadas do estudo:

• O sector da construção é aquele que emprega mais portugueses, seguido pelas indústrias transformadoras, saúde e assistência social, comércio a retalho e educação.

• 30% dos luso-descendentes que falam português têm ocupações associadas a elevada escolaridade.

• 58% da população imigrante tem habitação própria e 42% arrendada.

• 88% dos imigrantes portugueses têm seguro de saúde.

•Em 2016-2020, 40% dos luso-descendentes que falam português têm ensino superior, uma percentagem quase 10% acima da observada  para os outros residentes nos EUA.

• A população portuguesa e luso-descendente está presente em todos os estados da união no período de 2016-2020.

• Os imigrantes naturalizados são, simultaneamente, o grupo com menos homens e mais mulheres a viverem sós, o que estará associado à sua idade média maias elevada.

• Há menos famílias monoparentais entre os imigrantes, sobretudo entre os naturalizados, que nos outros grupos.

• Cerca de 1 em 5 casamentos dos imigrantes é com alguém de fora da comunidade linguística portuguesa, enquanto para os luso-descendentes que falam português é de 3 em cada 5.

• Os luso-descendentes que falam português têm, em média, rendimentos do trabalho por conta de outrém superiores em mais de 20% aos outros residentes nos EUA.

O NÚCLEO POPULACIONAL DE NEW JERSEY / NOVA IORQUE

O estudo da FLAD determina que em 2016-2020 residiam neste cluster 117,7 mil pessoas – “o 3.º maior conglomerado territorial de presença lusa nos EUA” – dos quais 59,58% da população portuguesa está em New Jersey e 40,42% em Nova Iorque.

No total dos imigrantes  e luso-descendentes aqui residentes, 49,41% eram luso-descendentes que não falam português, 19,31% imigrantes naturalizados, 22, 82% luso-descendentes que falam português e 8,46% imigrantes portugueses.

Este cluster “apresentava a menor proporção  de luso-descendentes que não falam português e a maior proporção de imigrantes  naturalizados e de imigrantes portugueses, o que evidencia uma capacidade de atracção de vagas migratórias recentes que, contudo, parece estar a diminuir”, pode-se ler no estudo. “Efectivamente, entre o 1.º e o último perídos, este cluster territorial registou um declínio global da população com ligações a Portugal (-4,49 mil), sendo que, entre os grupos que a compõem, a redução mais significativa foi registada nos imigrantes portugueses (-9,01 mil), seguida dos imigrantes naturalizados (-2,12 mil).”